domingo, 30 de setembro de 2012

TSU, "ignorância" e ganância



O economista e consultor do governo, António Borges, rotulou de “ignorantes” os empresários que se mostraram contra a subida da TSU.

Alexandre Soares dos Santos, patrão do grupo Jerónimo Martins, considerou 90% certas as afirmações de António Borges porque, obviamente, se os actuais 23,5% de TSU do patronato, passassem para 18%, teria saído o euro milhões ao grupo do Pingo Doce que há bem pouco tempo, com um gesto patriótico, transferiu a sua sede de Portugal para a Holanda para pagar menos impostos. Mas os trabalhadores passariam a descontar 18% em vez de 11 ficando assim sem hipótese de se ressarcirem de mais um esbulho feito aos já fracos rendimentos do seu trabalho. Ou poderão eles também entregar os seus descontos noutro país, diferente daquele onde trabalham, com impostos mais baratos?

Defendo que quem aplica o seu capital tem direito a um prémio de risco que seja justo. Sou apologista de que o capital deve servir para produzir riqueza que depois deve ser redistribuída a cada um consoante os seus méritos e necessidades. Defendo e admiro os empresários que se fizeram na escola da vida, que subiram a pulso e que comeram muitas vezes o pão que o diabo amassou e que, apesar disso, nunca se esqueceram de empregados e colaboradores. Mas desconfiei sempre dos Borges deste país que querem privatizar tudo o que dê lucro; que falam de cátedra, mas ignoram a função social das empresas; que vendem a alma e trocam Deus pelo bezerro de ouro; que são seguidores ou defensores da escola de Chicago cujas teses deram o resultado que deram no Chile e na Inglaterra de Margaret Thatcher; que defendem o princípio das empresas explorarem o trabalho num país e pagarem impostos noutro; que têm como bandeira o cifrão; que branqueiam os esbulhos do capitalismo desumano e aconselham mal os governantes indecisos e pressionados pelos lobbies do poder.

Não defendo a eutanásia para os governos e pessoas doentes, nem, muito menos, o homicídio para os tratantes que nos aparecem a complicar a vida. Mas deixo aqui uma sugestão, feita “um dia por um tal padre José na mais anticanónica oração de sempre”:

Vamos rezar para que todos os conselheiros Borges sejam afastados da esfera do poder e para que todos os corruptos ricos e canalhas sejam presos; sejam presos como presos são os pobres do nosso país.