sábado, 30 de maio de 2015

A República está doente



O actual sistema político só muda com uma CRP diferente e com uma nova lei eleitoral que possibilite o povo de votar nas pessoas que conhece e não nos partidos do arco do poder. Os partidos têm sido os principais culpados da actual situação a que se chegou, graças às políticas neoliberais que têm implementado, à sua subserviência ao capitalismo selvagem, à banca e aos chamados donos disto tudo. Defendem mais os seus interesses e ideologias e os interesses dos lóbis que os apoiam do que os verdadeiros e indeclináveis interesses de Portugal e dos portugueses. Têm tomado decisões avulsas, não referendadas, contrárias à vontade popular que se traduzem num autêntico esbulho à classe trabalhadora e aos pensionistas, na vã tentativa de controlar a dívida pública. A abstenção progressiva, nas sucessivas eleições, é um sinal grave do descontentamento do povo, idêntico ao da 1ª República, que o autismo dos governantes ignora ostensivamente, pois o seu objectivo é continuar no poder de qualquer modo e a qualquer preço. 
Salazar, percebeu os sinais da abstenção e deu-lhe voz no plebiscito de 1933, de algum modo artificioso. De uma assentada acabou com a 1ª. República instaurando e legalizando assim o Estado Novo. Pode quase dizer-se que antiga CRP era tanto ou mais legítima que a actual constituição, pois aquela foi referendada pelo povo, sendo esta apenas aprovada pelos grupos parlamentares, o que não deixa de ser um dos defeitos da democracia representativa. 
Com este texto estamos a fazer a apologia da ditadura? Claro que não. Só queremos dizer que o sentido de serviço ao país, não existe ou é ineficaz; que Portugal deixou de ser um país de brandos costumes e que interesses iníquos e a corrupção proliferam o que não abona o Estado de Direito que queremos ser. 
A República está doente. É imperioso reconhecê-lo e agir enquanto é tempo, para a salvar e com ela a Democracia renascida  com o advento do 25 de Abril.


quinta-feira, 14 de maio de 2015

O Amanhecer de outra Era



"É impossível que o tempo actual não seja o amanhecer doutra era, onde os homens signifiquem apenas um instinto às ordens da primeira solicitação. Tudo quanto era coerência, dignidade, hombridade, respeito humano, foi-se. Os dois ou três casos pessoais que conheço do século passado, levam-me a concluir que era uma gente naturalmente cheia de limitações, mas digna, direita, capaz de repetir no fim da vida a palavra com que se comprometera no início dela. Além disso heróica nas suas dores, sofrendo-as ao mesmo tempo com a tristeza do animal e a grandeza da pessoa. Agora é esta ferocidade que se vê, esta coragem que não dá para deixar abrir um panarício ou parir um filho sem anestesia, esta tartufice, que a gente chega a perguntar que diferença haverá entre uma humanidade que é daqui, dali, de acolá, conforme a brisa, e uma colónia de bichos que sentem a humidade ou o cheiro do alimento de certo lado, e não têm mais nenhuma hesitação nem mais nenhum entrave.
Miguel Torga, in "Diário (1942)"

Quão longe estão os valores de hoje daqueles de que falava Miguel Torga, um Homem sério e autêntico como as fragas da sua terra. Dá para pensar, sobretudo, na "ferocidade" de certos actos e acções de delinquentes, vítimas de uma sociedade em crise, que despejam as suas frustrações no seu semelhante. Dá para pensar em certos políticos e outros quejandos que, para sair da crise e solver a dívida de que eles são os principais autores, não hesitam em sacrificar os cidadãos mais vulneráveis, cuja "pobreza está a ser substituída pela miséria", Se Torga fosse vivo iria certamente verter lágrimas pelo seu país, como bom português que era. Mal feito fora que o "Tempo Actual não Seja o Amanhecer doutra Era". Mas, com esta gente que nos governa, tenho dúvidas que o tal Amanhecer desponte alguma vez

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Obrigatório cumprir com o AO a partir de hoje



 "A minha Pátria é a língua Portuguesa", disse Fernando Pessoa.

Não nos admiremos, pois, que quem vende a Pátria, venda também a língua portuguesa que é património de todo um povo e não tem preço. Afinal eles fazem o que costumam...

Sobre tão polémico quanto infeliz assunto, transcrevo o seguinte:

"Esta lei não possui fundamento em termos materiais, como tal é inválida de acordo com os princípios normativos que determinam toda a jurisprudência. A sua invalidade caracteriza-se por vários aspectos:
1.0- Em primeiro lugar uma língua só pode mudar com o tempo e as adaptações inerentes ao evoluir da palavra sem destruir as suas raízes e identidade, pois é esta um dos seus pilares. Negar a língua a um povo é negar-lhe a identidade! É ao povo de onde a língua emana que cabe este processo de mutação e não a políticos ignorantes e mal formados que mal dominam o léxico materno.
1.1- A actual Constituição da República Portuguesa, aprovada em 1976, está escrita em Português anterior a 1990 - data do Acordo Ortográfico - logo, do ponto de vista técnico, uma actualização ortográfica não pode ser feita, sem que haja uma revisão constitucional, segundo as normas do Acordo Ortográfico.
1.2- Uma tal revisão não poderia ter efeito retroactivo, “convalidando os diplomas anteriores à data dessa revisão.
1.3- a língua é regulada predominantemente pelo costume”. “Uma língua não se muda por decreto. Tem de ter em conta a vontade do povo português e os pareceres técnico-científicos, que são, na sua esmagadora maioria, contrários ao Acordo Ortográfico.
1.4- A reforma ortográfica de 1911 fez foi codificar e sistematizar essas regras, que eram consensuais; diversamente do que sucede com o Acordo Ortográfico de 1990. O Brasil com esta reforma não se aproximou da grafia europeia porque não ratificou qualquer tratado e, sendo assim, “a reforma de 1911 só serviu para afastar mais a ortografia portuguesa da brasileira, que continuou a ser a do século XIX, embora a intenção não tivesse sido essa.
1.5- Houve um Acordo Ortográfico, em 1945, que o Brasil ratificou, mas que não aplicou, mas curiosamente também o povo Brasileiro e Moçambicano, estão contra esta reforma ortográfica.
1.6- A língua tem de obedecer às suas raízes, a sua origem latina, e esta reforma deteriora de tal modo a língua que a desvia da sua etimologia original. A língua é dinâmica, mas a história da língua portuguesa e a sua origem etimológica devem ser respeitadas.
1.7- Segundo o especialista Miguel Barroso, Professor assistente de Direito, o actual Acordo Ortográfico é “essencialmente uma imposição, não uma codificação de normas costumeiras, que extravasa o contrato social que a Constituição é, daí defender que, não só é inconstitucional, mas também que a ortografia da Constituição não pode ser revista segundo o Acordo”, sentenciou!
1.8- Quem não cumprir com este desacordo não pode ser penalizado: nem estudantes, professores, funcionários públicos, nem os cidadãos que sentem que esta modificação impositiva viola a sua língua mãe. Sobretudo as escolas e universidades do país se devem unir contra este acordo juntamente com as associações de pais dos alunos do ensino primário e secundário."- Miguel Martins De Menezes.

Na minha modesta opinião o AO é uma promiscuidade linguística que descaracteriza a língua portuguesa e é mesmo criticado, aliás, por eruditos brasileiros. Foi-se longe demais e não é despiciente que interesses de editores e livreiros ou outros menos, transparentes, tenham estado na sua origem. Com o inglês nunca foi permitido um abastardamento desta natureza, tanto quanto sabemos. Pudera, eles (os ingleses) são patriotas e sabem defender o seu património. O que me surpreende é que haja tantos defensores de um AO tão polémico que utilizam todos os meios nas redes sociais, quiçá o insulto, contra quem, num acto de legítima e justificada cidadania, defende a língua de Camões.
Ler mais aqui. 

quarta-feira, 6 de maio de 2015

terça-feira, 5 de maio de 2015

O pensamento do dia

Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.

Fernando Pessoa

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Dia do Trabalhador-1º de Maio






Hoje, 1º de Maio, comemora-se o dia do trabalhador. Estas comemorações têm carácter mundial mas há países em que não se festeja no mesmo dia. Este dia está carregado de simbolismo e é uma história heróica de há muitos anos. Tem sido uma luta de sofrimento contra a opressão e exploração desumanas do trabalho pelo patronato e teve início nos EUA em 1886.

"Em Portugal, os trabalhadores assinalaram o 1.º de Maio logo em 1890, o primeiro ano da sua realização internacional. Mas as acções do Dia do Trabalhador limitavam-se inicialmente a alguns piqueniques de confraternização, com discursos pelo meio, e a algumas romagens aos cemitérios em homenagem aos operários e activistas caídos na luta pelos seus direitos laborais.

Com as alterações qualitativas assumidas pelo sindicalismo português no fim da Monarquia, ao longo da I República transformou-se num sindicalismo reivindicativo, consolidado e ampliado. O 1.º de Maio adquiriu também características de acção de massas. Até que, em 1919, após algumas das mais gloriosas lutas do sindicalismo e dos trabalhadores portugueses, foi conquistada e consagrada na lei a jornada de oito horas para os trabalhadores do comércio e da indústria.
Mesmo no Estado Novo, os portugueses souberam tornear os obstáculos do regime à expressão das liberdades. As greves e as manifestações realizadas em 1962, um ano após o início da guerra colonial em Angola, são provavelmente as mais relevantes e carregadas de simbolismo. Nesse período, apesar das proibições e da repressão, houve manifestações dos pescadores, dos corticeiros, dos telefonistas, dos bancários, dos trabalhadores da Carris e da CUF. No dia 1 de Maio, em Lisboa, manifestaram-se 100 000 pessoas, no Porto 20 000 e em Setúbal, 5000.
Ficarão como marco indelével na história do operariado português, as revoltas dos assalariados agrícolas dos campos do Alentejo, que tiveram o seu grande impulso no 1.º de Maio de 62. Mais de 200 mil operários agrícolas que até então trabalhavam de sol a sol, participaram nas greves realizadas e impuseram aos agrários e ao governo de Salazar a jornada de oito horas de trabalho diário.
Claro que o o 1.º de Maio mais extraordinário realizado até hoje, em Portugal, com direito a destaque certo na história, foi o que se realizou oito dias depois do 25 de Abril de 1974."