sábado, 21 de fevereiro de 2009

Recordações do Passado


Ontem ao acompanhar o desfile de Carnaval das nossas crianças dos Jardins de Infância do Concelho, deparei com a placa comemorativa, acima, que se encontra implantada no jardim Municipal. Tem os seguintes dizeres:-"A Associação Cívica do Concelho da Figueira da Foz dedica com amor e respeito a sua mais fervorosa homenagem a Manuel Dias Soares (música) e António Pereira Correia (letra) inspirados autores da Marcha do Vapor que, na sua singular beleza, o povo desta cidade adoptou como o hino da sua terra. 1-XII-1989."

Esta homenagem fez-me recuar na bruma do tempo e recordar a génese da ideia da transladação dos restos mortais do egrégio, Manuel Fernandes Tomás, também conhecido como Patriarca da Liberdade, para a sua terra natal, e alguns fundadores desta Associação Cívica, tais como:-Francisco Ganhitas que chegou a ser deputado à AR pelo PS entre 1976/77; António Torres (já falecido) que foi proprietário da oficina, "Escapes Satélite"; João Rola, técnico de seguros e o autor deste blogue. Nestas andanças há sempre uma relação de causa efeito ou de nexo de causalidade. Assim surge a pergunta: Porque foi criada a referida Associação Cívica do Concelho da Figueira da Foz?O Engº., Manuel Alfredo Aguiar de Carvalho que foi presidente da Câmara entre 1983 e 1997 fez um bom primeiro mandato, mas começou a ser questionado depois, por alguns correligionários do seu partido e, não só, que não concordavam com algumas orientações suas a nível da Edilidade. Então nasceu a Associação com o objectivo de dar o seu contributo ao Presidente mas, pugnando pelos verdadeiros interesses da Figueira, conforme consignado nos seus Estatutos. Apesar destes propósitos, começou a ser olhada com desconfiança pelo autarca e nunca teve apoios em conformidade. Por isso estiolou e morreu; mas nunca vergou a cerviz. Outros movimentos cívicos, de igual cariz ,sobreviveram e sobrevivem porque se encostaram ao poder traindo de algum modo os seus ideais, mas prejudicando o desenvolvimento das comunidade onde estão inseridos.

Curiosamente ou não, hoje, mais do que nunca, acontece o mesmo com algumas Associações e com alguns plumitivos dos media, pretensamente bem intencionados que cavam com a mesma enxada," vendendo-se por um prato de lentilhas". Daí que, a culminar a ideia subjacente, não resista a citar o seguinte texto do escritor espanhol, Carlos Ruiz Zafón:-

"Um escritor nunca esquece a primeira vez em que aceita umas moedas ou um elogio a troco de uma história. Nunca esquece a primeira vez em que sente no sangue o doce veneno da vaidade e acredita que, se conseguir que ninguém descubra a sua falta de talento, o sonho da literatura será capaz de lhe dar um tecto, um prato de comida quente ao fim do dia e aquilo por que mais anseia: ver o seu nome impresso num miserável pedaço de papel que certamente lhe sobrevirá. Um escritor está condenado a recordar esse momento pois nessa altura já está perdido e a sua alma tem preço."

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Limonete Talismã de Tavarede


Numa pesquisa feita sobre a história de Tavarede consegue perceber-se porque é que o limonete é quase considerado um talismã das suas gentes.Também conhecido por lúcia lima, diz-se que teria sido trazido da costa do Malabar, provavelmente pelos navegadores Portugueses entre 1453 e 1515 no período dos mais ilustre governador da Índia Portuguesa, Afonso de Albuquerque: "A famosa lenda de Tavarede, explica o epíteto que lhe foi atribuído: "Terra do Limonete".Tudo terá ocorrido aquando da tomada de Coimbra aos mouros. O Conde D. Sisnando entregara Tavarede a Cidel Pais, para este a povoar e proteger.Consta que um cavaleiro cristão e o seu pajem, que tinham como missão ajudar Cidel Pais na tomada de Coimbra aos mouros, encontraram pelo caminho, mais propriamente no monte de Santa Olaia, oito mouras encantadas a bailar, retidas na gruta por um feitiço preparado pelo chefe árabe, seu pai, para não caírem em poder dos Cristãos. Ao vê-los, as mouras assustaram-se e refugiaram-se na gruta, sendo perseguidas pelo cavaleiro, que tenta travar diálogo.Uma delas, de nome Kadija, explicou-lhe então que o seu feitiço só seria quebrado quando um príncipe lhe repetisse três vezes: "sois bela como o sol !". Ao ouvir isto, o cavaleiro, já apaixonado, quebrou o feitiço proferindo a frase. E acrescentou: « A terra para onde te levar aquele que vier desencantar-te será uma terra aprazível, opulenta de galas da natureza, rica de plantas aromáticas, entre as quais uma de cheiro rústico e agradável, persistente e suave, lhe dará nome e alcançará fama».A partir daí, Tavarede associou-se aos cheiros aromáticos do Limonete."

Terra de meus avós maternos, António de Sousa (que muito novo haveria de ir para Àfrica de onde mais não voltou) e Clementina Fadigas, estou ligado a este belo recanto Figueirense, onde resido nos últimos anos, também por laços de amizade e sã convivência com os meus amigos da SIT -Sociedade de InstruçãoTavaredense- dado que passei, grande parte da minha vida, na Freguesia de S. Julião. Alguns mais anos mais tarde, tal como o meu avô, rumei a África por três vezes, por imposição mas combatendo em defesa da Lei e da Grei, como então se dizia. Mas, com alguma "estratégia" e muita sorte, regressei às origens. Por isso aqui estou, algo cacimbado, mas com muita alegria por estar vivo, a debitar esta prosa para quem tiver pachorra para me ler.

Com este despretensioso post, que dá início ao não menos despretensioso blogue "LIMONETE", pretendo fazer uma homenagem ao Povo de Tavarede, ordeiro e trabalhador que tanto orgulho tem na sua terra, cujos pergaminhos não querem deixar morrer. E a prová-lo está a regular actividade das suas colectividades com especial destaque para a SIT, com o seu centenário Teatro que já ultrapassou fronteiras e com o recém criado grupo coral, "Cantigas de Tavarede" que, sob a batuta do maestro, João Cascão, pretende levar bem alto as tradições e a nobreza das suas gentes e o prestígio da Freguesia.