terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A Europa de Paul Krugman


Com o título a “Europa como abstracção”, Pedro Lomba assina no Público de hoje o texto acima em que fala do economista Paul Krugman que ontem recebeu um doutoramento honoris causa em Lisboa.
O articulista foge aos arquétipos ditos de esquerda, é professor universitário e tem uma reputação e um currículo invejáveis que se pode confirmar em pesquisa feita na blogosfera. Isento portanto, tanto quanto se pode descortinar, quando fala sobre o laureado Krugman e de um tema tão difícil e por vezes hermético para o cidadão comum, como é o da ciência económica e desta Europa em crise.

É um texto que merece ser lido que fala do papel de alguns especuladores arrependidos (serão mesmo?) que conhecem bem os métodos da “ quadrilha” que se move nos meios financeiros, e do pensamento liberal do economista que” gostaria que a América se convertesse num Estado social com padrões de despesa semelhantes aos da Europa” (...).  Mas vamos ver o que  diz Pedro Lomba  no final do mesmo  que nos parece ser uma feliz, mas comedida síntese:

“A Europa de Paul Krugman parece demasiadas vezes uma abstracção conveniente, atirada contra os seus adversários internos. No seu receituário nunca há histórias nacionais, dívidas ocultas, classes parasitárias que enriqueceram com PPP e outros rendeiros. Ele conhece aquilo que permitiria salvar a hemorragia europeia… Mas não conhece ou minimiza o tipo de política e de Estado que as gerou…”

Nós por cá, que sabemos o que nos custa a crise que nos foi (está) a ser imposta,  que desconfiamos de sugestões como esta e da maioria dos políticos, gestores e economistas, nomeadamente daqueles que criaram o monstro do BPN e outras vigarices quejandas, temos uma ideia menos prosaica e pensamos, tal como aqui,  o que Nobel da Economia não disse,  que a vaselina  é um produto de alto consumo em Portugal e que quando o Estado diz: “baixem as calcinhas, pegamos com um sorriso na cuja dita”…

(Clicar no texto acima)

Do conto do vigário



Manuel Peres Vigário não é um dos heterónimos de Fernando Pessoa, mas é uma personagem  de quem o escritor fala que deu origem à história do "conto do vigário".

"Vivia há já não poucos anos, algures, num concelho do Ribatejo, um pequeno lavrador, e negociante de gado, chamado Manuel Peres Vigário.
Da sua qualidade, como diriam os psicólogos práticos, falará o bastante a circunstância que dá princípio a esta narrativa. Chegou uma vez ao pé dele certo fabricante ilegal de notas falsas, e disse-lhe: «Sr. Vigário, tenho aqui umas notazinhas de cem mil réis que me falta passar. O senhor quer? Largo-lhas por vinte mil réis cada uma.» «Deixa ver», disse o Vigário; e depois, reparando logo que eram imperfeitíssimas, rejeitou-as: «Para que quero eu isso?», disse; «isso nem a cegos se passa.» O outro, porém, insistiu; Vigário cedeu um pouco regateando; por fim fez-se negócio de vinte notas, a dez mil réis cada uma.

Sucedeu que dali a dias tinha o Vigário que pagar a uns irmãos negociantes de gado como ele a diferença de uma conta, no valor certo de um conto de réis. No primeiro dia da feira, em a qual se deveria efectuar o pagamento, estavam os dois irmãos jantando numa taberna escura da localidade, quando surgiu pela porta, cambaleando de bêbado, o Manuel Peres Vigário. Sentou-se à mesa deles, e pediu vinho. Daí a um tempo, depois de vária conversa, pouco inteligível da sua parte, lembrou que tinha que pagar-lhes. E, puxando da carteira, perguntou se, se importavam de receber tudo em notas de cinquenta mil réis. Eles disseram que não, e, como a carteira nesse momento se entreabrisse, o mais vigilante dos dois chamou, com um olhar rápido, a atenção do irmão para as notas, que se via que eram de cem.

Houve então a troca de outro olhar.

O Manuel Peres, com lentidão, contou tremulamente vinte notas, que entregou. Um dos irmãos guardou-as logo, tendo-as visto contar, nem se perdeu em olhar mais para elas. O vigário continuou a conversa, e, várias vezes, pediu e bebeu mais vinho. Depois, por natural efeito da bebedeira progressiva, disse que queria ter um recibo. Não era uso, mas nenhum dos irmãos fez questão. Ditava ele o recibo, disse, pois queria as coisas todas certas. E ditou o recibo – um recibo de bêbedo, redundante e absurdo: de como em tal dia, a tais horas, na taberna de fulano, e «estando nós a jantar (e por ali fora com toda a prolixidade frouxa do bêbedo...), tinham eles recebido de Manuel Peres Vigário, do lugar de qualquer coisa, em pagamento de não sei quê, a quantia de um conto de réis em notas de cinquenta mil réis. O recibo foi datado, foi selado, foi assinado. O Vigário meteu-o na carteira, demorou-se mais um pouco, bebeu ainda mais vinho, e daí a um tempo foi-se embora.

Quando, no próprio dia ou no outro, houve ocasião de se trocar a primeira nota, o que ia a recebê-la devolveu-a logo, por escarradamente falsa, e o mesmo fez à segunda e à terceira... E os irmãos, olhando então verdadeiramente para as notas, viram que nem a cegos se poderiam passar.

Queixaram-se à polícia, e foi chamado o Manuel Peres, que, ouvindo atónito o caso, ergueu as mãos ao céu em graças da bebedeira providencial que o havia colhido no dia do pagamento. Sem isso, disse, talvez, embora inocente, estivesse perdido.

Se não fosse ela, explicou, nem pediria recibo, nem com certeza o pediria como aquele que tinha, e apresentou, assinado pelos dois irmãos, e que provava bem que tinha feito o pagamento em notas de cinquenta mil réis. «E se eu tivesse pago em notas de cem», rematou o Vigário «nem eu estava tão bêbedo que pagasse vinte, como estes senhores dizem que têm, nem muito menos eles, que são homens honrados, mas receberiam.» E, como era de justiça foi mandado em paz.

O caso, porém, não pôde ficar secreto; pouco a pouco se espalhou. E a história do «conto de réis do Manuel Vigário» passou, abreviada, para a imortalidade quotidiana, esquecida já da sua origem.

Os imperfeitíssimos imitadores, pessoais como políticos, do mestre ribatejano nunca chegaram, que eu saiba, a qualquer simulacro digno do estratagema exemplar. Por isso é com ternura que relembro o feito deste grande português, e me figuro, em devaneio, que, se há um céu para os hábeis, como constou que o havia para os bons, ali lhe não deve ter faltado o acolhimento dos próprios grandes mestres da Realidade – nem um leve brilho de olhos de Macchiavelli ou Guicciardini, nem um sorriso momentâneo de George Savile, Marquês de Halifax."

(Sacado daqui)

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Apontamento

O blogue Rua da Liberdade regressou à estampa e ao convívio da blogosfera local mais ou menos com o mesmo estilo que lhe é peculiar. Já o sabia há muito, porque me foi enviada uma hiperligação com a sua primeira postagem.
Preferi esperar para ver. Apesar de manter um determinado alinhamento ou tendência (quem os não tem?) que lhe valeu no passado acerbas crítica de outros bloguistas não menos alinhados de sinal contrário, é bem-vindo, porque precisamos de vozes que digam o que pensam em prol da comunidade. De preferência sem interesses mediatos, labitas ou amarras partidárias…

Não pretendo ser crítico ou analista da blogosfera Figueirense. Deixo essa missão a que tenha mais engenho e arte para o fazer. Mas vem a talhe de foice dizer que o autor do blogue em apreço, já ganhou pontos, ao dar uma pedrada no charco dos tais interesses mediatos.
É o que se pode comprovar com um dos seus últimos textos que tem por título: “O Director”.

Seguramente o blogue Rua da Liberdade, vai continuar a ser polémico. Esperamos que o seja sempre no bom sentido…


A outra face da vida


Não gostamos de ler isto, mas a verdade está aí:
 ...A fome já chega às Escolas...

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Fim de Carnaval

                              
                         João Jardim                             

...Estou teso mas bem-disposto...(!?...)

                                                                 

domingo, 19 de fevereiro de 2012

A metade do Carnaval


Foto O Palhetas







A tradição do Carnaval está cumprida por metade.
Hoje, domingo, desfilou o corso carnavalesco Figueira/Buarcos na linda avenida que emoldura a Praia da Claridade. Os reis foram a Margarida S. Pedro (prata da casa-Buarcos) e o conhecidíssimo Paulo Futre que, vestidos rigor, deram boa conta de si.

Foi um desfile bonito, mas para que o carnaval tivesse ainda mais um cunho abrasileirado, já que na Avenida do Brasil desfilava, exibiram-se três escolas de samba, divididas em quatro grupos. Bem vestidas, com fatos multicoloridos e flamejantes, as mais velhas. Despidas quanto baste, mas lindas e frenéticas ao som do samba, as mais novas, numa amálgama de juventude e alegria a mostrarem que a carne-vale… Pese embora o nosso clima, ali não havia frio. Olarila!...
Relativamente a anos anteriores, viram-se poucos carros alegóricos. O cortejo só tinha uns seis, se tanto, mas com boas piadas aos políticos, sendo a dupla, Cavaco e Coelho, o bombo da festa. A presença das freguesias que em anos anteriores participavam com carros alegóricos tradicionais, que chegaram a ser mais de doze, foi diminuta: umas três ou quatro, se tanto. Os autarcas e as forças vivas das freguesias têm-se afastado paulatinamente do tradicional carnaval da Figueira por falta de verba, cuja parte de leão (que me perdoe o Futre) é entregue… às Escolas de Samba.
 O resultado é que o Carnaval português que tem características especiais e que podia ser enriquecido com alguns motivos do Brasil (aqui estamos de acordo) está a ser invadido pelos tambores e samba brasileiros. À parte a política, um país colonizador, até nisto está a ser colonizado… Assim, e com a grave crise que nos aflige, é difícil ter auto-estima com este descaracterizado Carnaval.
Vou acabar como comecei: a tradição do Carnaval está cumprida por metade.

Apesar da participação popular nesta edição Carnavalesca de hoje ter sido boa, vamos a ver como será a próxima edição de terça-feira.

(Clicar nas fotos) - Ver mais aqui

Domingo de Carnaval



Segundo as últimas notícias da TV o Carnaval da Madeira está muito longe da animação de outros tempos. A hotelaria no Funchal está em baixa e é notória a ausência de portugueses do continente. Jardim diz que está "teso" (!?...) mas vai participar. Por cá é o que se sabe, mas os foliões resistem à "proibição"como é o caso de Torres Vedras.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Ponte da Figueira da Foz

Um trecho nocturno da Figueira da Foz tendo em destaque a Ponte Edgar Cardoso



Inaugurada em 1982 sendo o  projecto da autoria do Engenheiro Edgar Cardoso

"Situa-se na Figueira da Foz, no litoral centro de Portugal, estando integrada na EN109/IC1. Esta ponte beneficiou de uma reabilitação profunda durante dois anos, a qual foi dada por concluída a 28 de Julho de 2005, ocasião em que a estrutura recebeu o seu nome actual."

(Foto: Ricardo Beirão)

Clicar na foto

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Democracia

Quase todos nós hoje temos a percepção de que os grandes problemas do povo na maioria dos países, ditos democráticos, não se discutem nos respectivos parlamentos, sendo estes, antes, a caixa-de-ressonância de outros "superiores" e espúrios interesses que sobrelevam os do cidadão comum, quando não os dos próprios interesses nacionais.

Hoje, mais do que nunca, a mola real do mundo é o dinheiro e os lobbies do poder, secretos ou não, tudo fazem para o conseguir. A crise actual e o sacrifício que está a ser imposto às classes mais desprotegidas é bem o reflexo disso a que não serão alheios os "arquitectos" da chamada Nova Ordem Mundial, para quem o dinheiro é tudo e que tudo fazem por dinheiro. Por isso podemos dizer, sem grande margem para erro, que a actual democracia é um simulacro do poder do povo e que os governantes são simples mandatários de um "projecto" que os ultrapassa. Tudo aponta nesse sentido.

Assim, o povo não ordena, como seria natural em democracia. O povo alheia-se, submete-se, precisamente quando é imperativo ter uma participação cívica mais activa nas políticas do País. Não discute o tipo de democracia formal mas espúria que, de algum modo, lhe retira cidadania e, pior do que isso, põe em causa a sua própria sobrevivência. Mas, isto e com razão, à parte a sua opção partidária, já dizia Saramago:

 "Tudo se discute neste mundo, menos uma única coisa: a democracia. Ela está aí, como se fosse uma espécie de santa no altar, de quem já não se espera milagres, mas que está aí como referência. E não se repara que a democracia em que vivemos é uma democracia sequestrada, condicionada, amputada. O poder do cidadão, o poder de cada um de nós, limita-se, na esfera política, a tirar um governo de que não se gosta e a pôr outro de que talvez venha a se gostar. Nada mais. Mas as grandes decisões são tomadas em uma outra grande esfera e todos sabemos qual é. As grandes organizações financeiras internacionais, os FMIs, a Organização Mundial do Comércio, os bancos mundiais. Nenhum desses organismos é democrático. E, portanto, como falar em democracia se aqueles que efectivamente governam o mundo não são eleitos democraticamente pelo povo? Quem é que escolhe os representantes dos países nessas organizações? Os respectivos povos? Não! Onde está então a democracia?”

A trote de "Caixa"

"A Caixa Geral de Depósitos (CGD) apresentará hoje as contas de 2011, registando pela primeira vez prejuízos que, segundo disse à agência Lusa uma fonte do setor financeiro, serão superiores a 400 milhões de euros."
São dadas algumas justificações para os prejuízos do Banco do Estado. Mas uma das causas para este défice inédito não estará também relacionado com as verbas injectadas no BPN?
Nada é dito sobre o assunto. Sabe-se é que os gestores públicos da CGD não têm limite de remuneração como se pode ver aqui. Vá lá saber-se porquê...
É por isso que os "cães ladram" (empresas de notação financeira) e a "caravana" não passa!...

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A carta, os militares e o BPN

Em recente carta aberta dirigida ao Ministro da Defesa, a Associação dois Oficiais das Forças Armadas (AOFA) diz:

..."Aos oficiais" nada os obriga a serem "submissos" ou "apolíticos"...

E é assim que o coronel Manuel Gracel, presidente daquela Associação, responde à afirmação do Ministro da Defesa de que as estruturas representativas dos militares têm mostrado comportamento de pendor político-partidário:

“Denunciar perante a opinião pública as medidas lesivas e, consideramos nós, carregadas de falta de respeito pela dignidade de quem jurou e serve abnegadamente (sem se servir) a Pátria é fazer política?”, questiona a organização. Que dá como exemplo de “situações de que poderão decorrer a penalização dos militares e das Forças Armadas” a forma “como tem vindo a ser tratado o dossier BPN, obrigando uma significativa parcela do Orçamento a ser desviada para dar cobertura, tudo leva a crer, às consequências de criminosos desmandos”.

Ver mais aqui.-RTP Notícias

Pensamento do dia


"Nunca percas o contacto com o chão, porque só assim terás uma ideia aproximada da tua estatura."Autor - Machado Y Ruiz, Antonio

Pôr do Sol




22.01.2012 - Figueira da Foz


Pós texto:
Um belo pôr de sol na Figueira em Janeiro que faz jus à arte do fotógrafo.
(Foto gilreis)

Clicar na foto

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A confusão do Carnaval


Bancos estão fechados no dia de Carnaval.
Câmaras de Ovar e Torres Vedras vão manter a tolerância de ponto e o Carnaval de Buarcos, na Figueira da Foz, "retira do programa o desfile de terça-feira e mantém apenas o de Domingo", segundo o jornal Público. A Câmara do Funchal também ainda não decidiu se vai ou não dar tolerância de ponto.
"O social-democrata e antigo conselheiro do Estado, António Capucho, considerou um "erro crasso" a não tolerância de ponto na terça-feira de Carnaval."
Toda esta celeuma em que estão também em causa os cachets dos "artistas" mais mediáticos, está a provocar  um autêntico "Carnaval" antecipado como nunca acontecera antes.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Na vida tudo muda...

Figueira dos anos 60

Na vida e na roda do tempo tudo gira, tudo muda: os anos, os sonhos, os horizontes e os objectivos. Mas os amigos e os lugares da nossa juventude continuam na nossa memória!...

Clicar na foto

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Carnaval em tempo de crise

O "jogo" do Carnaval na Figueira da Foz com Futre, pode ser uma aposta optimista... Mas corre o risco de fazer um auto-golo nas finanças depauperadas da Autarquia neste tempo de crise. 
Vamos a ver se a afluência de público salva a tradição do Carnaval Figueira-Buarcos!...
A iniciativa e os Figueirenses bem merecem.


Futre o Rei (Carnaval da Figueira da Foz) from Pedro Cruz on Vimeo.

 Vídeo sacado daqui.