Falando da época Natal que se aproxima, o Papa Francisco
afirmou:
"Estamos perto do Natal: haverá luzes, festas, árvores iluminadas,
presépios… mas é uma farsa. O mundo continua a fazer as guerras. Não
escolheu o caminho da paz"…
As palavras do Papa são tristemente verdadeiras. O mundo, ou grande parte
dele, continua a escolher a guerra e a provocar a morte e a destruição
de pessoas e bens. Os traficantes de armas enriquecem cada vez mais e os
mandantes e poderosos deste mundo não olham a meios para atingirem os
seus fins. Desestabilizam e fomentam revoluções, extramuros, que é o
mesmo que dizer na casa dos outros, em que a imposição de uma falsa
democracia, a quem não a pediu, ou da sua própria forma de viver, são os
principais pretextos para subjugarem povos ou nações e conseguirem
poder e riqueza, com todo um rol dantesco de morte e miséria humanas. A
guerra na Síria e os mercenários de Alepo estão aí para prová-lo.
Esquecem-se que as revoluções, mesmo quando inevitáveis, podem fazer-se
sem sangue nem tiros. Basta reverem-se os exemplos de Gandhi, Luther
King e Nelson Mandela. Por conveniência ou eufemismo, há quem diga que
tudo isto é consequência da chamada globalização, mas o saldo é
deficitário: globaliza-se a corrupção e a riqueza iníqua; mais o mal de
que o bem.
A própria Igreja que teve ou tem acções pouco dignas na
sua história, e que é detentora e ciosa de riquezas que envergonhariam
Cristo, não está isenta de algum mal que hoje aflige o mundo. Pese
embora tudo isto, e a crise em que o País se encontra, o Natal continua a
ser uma época de festa e união da Família, bem enraizada na nossa
tradição, de esperança e de fé no futuro, embora não tanto com a alegria
(um pouco comprada) e a felicidade a que todos temos direito. O Natal
na sua plenitude, porém, continua a ser um sonho de que não devemos
desistir, com os olhos bem abertos, para podermos resolver os nossos
problemas e para que a farsa de que fala o Papa acabe e a alegria da
época seja genuína. Isso só será possível com a Paz na Terra, por
enquanto utópica, e quando a força e a determinação de todos os Homens
de Boa Vontade forem superiores à força e à determinação dos algozes da
humanidade.