A Figueira da Foz, foi elevada à categoria de cidade há 139 anos por decreto Régio de D. Luís I de Portugal.
Enquanto cidade, está no Mapa e, mais do que isso, no coração dos Figueirenses e dos que fizeram deste recanto maravilhoso de Portugal a sua terra de eleição.
Para comemorar esta data, dou à estampa, com a devida vénia, um texto do meu amigo, Fernando Curado:
"No final do século XVIII, a aglutinação de vários casais que se chamavam o Paço, a Abbadia, o Monte, o Valle, as Lamas, e outros, deu origem a uma só povoação, com aproximadamente 2000 habitantes, a qual, por decreto de 12 de Março de 1771, foi elevada à categoria de vila com o nome de "Figueira da Foz do Mondego".
Esta vila cresceu muito rapidamente e, 111 anos depois, em 20 de Setembro de 1882, ascendeu à categoria de cidade, com a denominação actual de “Figueira da Foz”, "atendendo a ser aquela uma das mais importantes vilas do reino pela sua população e riqueza".
Quarenta e oito dias antes, a 3 de Agosto de 1882, D. Luís I, acompanhado da rainha D. Maria Pia de Sabóia, do príncipe D. Carlos, do infante D. Afonso e de vários ministros, esteve na Figueira da Foz a inaugurar o troço de linha férrea que nos ligava à Pampilhosa.
O advogado e empresário Dr. Francisco Lopes Guimarães era então o Presidente da Câmara Municipal, cargo que desempenhou de 1880 a 1886, pertencendo ao Partido Progressista que na altura era oposição ao governo do Partido Regenerador de Fontes Pereira de Melo que governou quase ininterruptamente de 1871 a 1886.
Entre 1870 e 1890 a Figueira da Foz desenvolveu-se intensamente. O comércio de exportação de vinhos para o Brasil e para França, de sal para a Terra Nova, de madeira para o Sul de Espanha e de laranja para Inglaterra permitiu a acumulação de capitais.
O fluxo turístico aumentava e muitos investimentos foram feitos na área da hotelaria e dos espectáculos. A Figueira da Foz desenvolveu-se como nunca!
Assistiu-se a um forte desenvolvimento, com fortes reflexos urbanísticos, realçando-se as indústrias do vidro, cerâmica e mineira, as obras de requalificação portuária, a construção do Farol Velho (1858), a construção do Bairro Novo de Santa Catarina (1869), a iluminação pública com candeeiros a petróleo (1870), uma nova estrada para Coimbra (1871), a instalação da fábrica de vidro do Cabo Mondego (1872), a inauguração do Teatro Príncipe D. Carlos (1874), a inauguração do Americano (1875), a construção da estrada para Leiria (1875), a fundação da metalúrgica Mota de Quadros (1878), a fundação dos Bombeiros Voluntários (1882) e a chegada do comboio à Figueira da Foz (1882).
Foram estes os factos que mereceram a elevação da Figueira a cidade em 20 de Setembro de 1882:
“Attendendo a que a Villa da Figueira da Foz, no districto de Coimbra, é actualmente uma das mais importantes do reino pela sua população e riqueza; e desejando por ocasião da minha recente visita áquella villa, dar aos habitantes d’ella um solemne testemunho de apreço pelos honrados esforços que têem empregado para o seu progressivo desenvolvimento: hei por bem fazer mercê á dita villa da Figueira da Foz de a elevar á categoria de cidade com a denominação de Cidade da Figueira da Foz; e me apraz que n’esta qualidade gose de todas as prerrogativas, liberdades e franquias que directamente lhe pertencerem, devendo expedir-se á respectiva camara Municipal a competente carta, em dois exemplares, uma para titulo d’aquella corporação e outra para ser depositada no real Archivo da Torre do Tombo. O ministro e secretario d’estado dos negócios do reino assim o tenha entendido e faça executar. Paço, em 20 de Setembro de 1882”.
A Figueira tinha então pouco mais de cinco mil habitantes (em 1878 a Figueira tinha 1080 fogos e 5676 habitantes e Buarcos 800 fogos e 3182 habitantes), aos olhos de hoje uma pequena cidade, como bem mostram as fotos da época.
Quatro meses depois, em Janeiro de 1883, na revista O Ocidente escrevia-se:
“A Figueira é das povoações de Portugal que nos últimos tempos mais se tem desenvolvido (…). Ainda nos princípios deste século passado era apenas uma aldeia com 300 habitantes e pouco mais desenvolvimento tinha, quando em 1771 El-Rei D. José a elevou à categoria de vila. (…) Hoje, a Figueira é uma cidade que está crescendo a olhos vistos, organizando companhias edificadoras que têm aumentado consideravelmente o número de edificações, ascendendo já a não menos de 1600 fogos, com cerca de 6000 habitantes. Possui edifícios notáveis, incluindo um magnífico teatro e seu porto está defendido por uma doca de construção recente (…). O seu aspecto é alegre e festivo e de um delicioso pitoresco, a par do seu belo clima. Este conjunto de atractivos, chama um grande número de banhistas, na estação própria, às suas magníficas praias.
O seu comércio é importante, para o que lhe basta ter um magnífico porto de mar por onde se exporta grande quantidade de sal, azeite, vinhos e cereais, etc.
Agora o caminho-de-ferro da Beira Alta vai dar-lhe mais elementos de vida e desenvolvimento assegurando um futuro próspero a esta boa terra.”
O crescimento continuava, dois anos depois, em 1884, ocorreu a inauguração do Teatro-Circo Saraiva de Carvalho, com a maior sala de espectáculos do país, a formação da primeira empresa armadora em 1885, a adjudicação do abastecimento de água em 1886, a chegada da linha férrea do Oeste em 1888, a criação da Aula de Desenho Industrial em 1888, a Escola Industrial em 1889, a iluminação a gás também em 1889, a fundação das Oficinas do Mondego em 1891, a construção do Jardim Municipal em 1891, a construção do Mercado Municipal em 1892, a constituição da Associação Naval 1.º de Maio em 1893, a inauguração do Museu em 1894, a fundação do Ginásio em 1895, a primeira seca de bacalhau em 1896 e a construção dos Paços do Concelho em 1897."
Parabéns à minha linda cidade e a todos os seus maiores que fizeram desta terra uma das mais belas cidades de Portugal.
Parabéns à minha linda cidade e a todos os seus maiores que fizeram desta terra uma das mais belas cidades de Portugal.