segunda-feira, 20 de setembro de 2021

FIGUEIRA DA FOZ, cidade há 139 anos


 
A Figueira da Foz, foi elevada à categoria de cidade há 139 anos por decreto Régio de D. Luís I de Portugal.
Enquanto cidade, está no Mapa e, mais do que isso, no coração dos Figueirenses e dos que fizeram deste recanto maravilhoso de Portugal a sua terra de eleição.
Para comemorar esta data, dou à estampa, com a devida vénia, um texto do meu amigo, Fernando Curado:

"No final do século XVIII, a aglutinação de vários casais que se chamavam o Paço, a Abbadia, o Monte, o Valle, as Lamas, e outros, deu origem a uma só povoação, com aproximadamente 2000 habitantes, a qual, por decreto de 12 de Março de 1771, foi elevada à categoria de vila com o nome de "Figueira da Foz do Mondego".
Esta vila cresceu muito rapidamente e, 111 anos depois, em 20 de Setembro de 1882, ascendeu à categoria de cidade, com a denominação actual de “Figueira da Foz”, "atendendo a ser aquela uma das mais importantes vilas do reino pela sua população e riqueza".
Quarenta e oito dias antes, a 3 de Agosto de 1882, D. Luís I, acompanhado da rainha D. Maria Pia de Sabóia, do príncipe D. Carlos, do infante D. Afonso e de vários ministros, esteve na Figueira da Foz a inaugurar o troço de linha férrea que nos ligava à Pampilhosa.
O advogado e empresário Dr. Francisco Lopes Guimarães era então o Presidente da Câmara Municipal, cargo que desempenhou de 1880 a 1886, pertencendo ao Partido Progressista que na altura era oposição ao governo do Partido Regenerador de Fontes Pereira de Melo que governou quase ininterruptamente de 1871 a 1886.
Entre 1870 e 1890 a Figueira da Foz desenvolveu-se intensamente. O comércio de exportação de vinhos para o Brasil e para França, de sal para a Terra Nova, de madeira para o Sul de Espanha e de laranja para Inglaterra permitiu a acumulação de capitais.
O fluxo turístico aumentava e muitos investimentos foram feitos na área da hotelaria e dos espectáculos. A Figueira da Foz desenvolveu-se como nunca!
Assistiu-se a um forte desenvolvimento, com fortes reflexos urbanísticos, realçando-se as indústrias do vidro, cerâmica e mineira, as obras de requalificação portuária, a construção do Farol Velho (1858), a construção do Bairro Novo de Santa Catarina (1869), a iluminação pública com candeeiros a petróleo (1870), uma nova estrada para Coimbra (1871), a instalação da fábrica de vidro do Cabo Mondego (1872), a inauguração do Teatro Príncipe D. Carlos (1874), a inauguração do Americano (1875), a construção da estrada para Leiria (1875), a fundação da metalúrgica Mota de Quadros (1878), a fundação dos Bombeiros Voluntários (1882) e a chegada do comboio à Figueira da Foz (1882).
Foram estes os factos que mereceram a elevação da Figueira a cidade em 20 de Setembro de 1882:
“Attendendo a que a Villa da Figueira da Foz, no districto de Coimbra, é actualmente uma das mais importantes do reino pela sua população e riqueza; e desejando por ocasião da minha recente visita áquella villa, dar aos habitantes d’ella um solemne testemunho de apreço pelos honrados esforços que têem empregado para o seu progressivo desenvolvimento: hei por bem fazer mercê á dita villa da Figueira da Foz de a elevar á categoria de cidade com a denominação de Cidade da Figueira da Foz; e me apraz que n’esta qualidade gose de todas as prerrogativas, liberdades e franquias que directamente lhe pertencerem, devendo expedir-se á respectiva camara Municipal a competente carta, em dois exemplares, uma para titulo d’aquella corporação e outra para ser depositada no real Archivo da Torre do Tombo. O ministro e secretario d’estado dos negócios do reino assim o tenha entendido e faça executar. Paço, em 20 de Setembro de 1882”.
A Figueira tinha então pouco mais de cinco mil habitantes (em 1878 a Figueira tinha 1080 fogos e 5676 habitantes e Buarcos 800 fogos e 3182 habitantes), aos olhos de hoje uma pequena cidade, como bem mostram as fotos da época.
Quatro meses depois, em Janeiro de 1883, na revista O Ocidente escrevia-se:
“A Figueira é das povoações de Portugal que nos últimos tempos mais se tem desenvolvido (…). Ainda nos princípios deste século passado era apenas uma aldeia com 300 habitantes e pouco mais desenvolvimento tinha, quando em 1771 El-Rei D. José a elevou à categoria de vila. (…) Hoje, a Figueira é uma cidade que está crescendo a olhos vistos, organizando companhias edificadoras que têm aumentado consideravelmente o número de edificações, ascendendo já a não menos de 1600 fogos, com cerca de 6000 habitantes. Possui edifícios notáveis, incluindo um magnífico teatro e seu porto está defendido por uma doca de construção recente (…). O seu aspecto é alegre e festivo e de um delicioso pitoresco, a par do seu belo clima. Este conjunto de atractivos, chama um grande número de banhistas, na estação própria, às suas magníficas praias.
O seu comércio é importante, para o que lhe basta ter um magnífico porto de mar por onde se exporta grande quantidade de sal, azeite, vinhos e cereais, etc.
Agora o caminho-de-ferro da Beira Alta vai dar-lhe mais elementos de vida e desenvolvimento assegurando um futuro próspero a esta boa terra.”
O crescimento continuava, dois anos depois, em 1884, ocorreu a inauguração do Teatro-Circo Saraiva de Carvalho, com a maior sala de espectáculos do país, a formação da primeira empresa armadora em 1885, a adjudicação do abastecimento de água em 1886, a chegada da linha férrea do Oeste em 1888, a criação da Aula de Desenho Industrial em 1888, a Escola Industrial em 1889, a iluminação a gás também em 1889, a fundação das Oficinas do Mondego em 1891, a construção do Jardim Municipal em 1891, a construção do Mercado Municipal em 1892, a constituição da Associação Naval 1.º de Maio em 1893, a inauguração do Museu em 1894, a fundação do Ginásio em 1895, a primeira seca de bacalhau em 1896 e a construção dos Paços do Concelho em 1897."

Parabéns à minha linda cidade e a todos os seus maiores que fizeram desta terra uma das mais belas cidades de Portugal.

sábado, 18 de setembro de 2021

Entourage ou não, eis a questão

 
Nos bastidores da política Figueirense, parece haver um entendimento tácito da família do PSD e do CHEGA para votarem no movimento Figueira a Primeira, nas próximas eleições autárquicas do dia 26. Eventualmente pode não ser bem isso. Mas uma leitura atenta de alguns comentários e textos do face e blogosfera local, leva-nos a pensar que muitos votos desta possível entourage irão desaguar no rio da contradição e do oportunismo, onde alguns “democratas” cá do burgo e não só, costumam navegar.

Não poucas vezes, os entendimentos da chamada direita partidária, velados ou públicos, com outras forças políticas piores (para não lhes chamar de extrema direita) levaram a resultados totalmente contrários aos interesses do povo, quer nas eleições legislativas, quer nas autárquicas.

No actual contexto político citadino, para não se cair no logro ou no grande “equívoco” de se votar em alguém que é de fora (embora ser da terra não seja um valor absoluto como alguém já disse) não basta dizer, considerando certas empatias partidárias absurdas (ou talvez não): “diz-me com que andas e dir-te-ei quem és”. Mais do que isso importa saber a verdadeira razão do regresso à Figueira da Foz do “gastador/contumaz” dos dinheiros públicos por onde tem passado, cuja permanência tem sido tão efémera quanto criticada e polémica.