segunda-feira, 27 de junho de 2022
quinta-feira, 23 de junho de 2022
Os anões de Putin
Putin tem uma legião de anões mais vasta do que a de Pedro o Grande. Basta pensar em todos os que torcem para que a Rússia ganhe. Quando proclama o seu imorredoiro amor pela paz é isso que o PCP pede.
Pedro, o Grande, tinha aquilo que, até ao século XVIII, se chamava um “gabinete de curiosidades”. Simon Sebag Montefiore, no seu livro sobre Os Romanov, dá-nos a lista de algumas das peças que figuravam nessa colecção: um hermafrodita vivo (que acabou por fugir), anões e gigantes, igualmente vivos, que, depois de mortos, eram embalsamados ao lado dos órgãos genitais de um hermafrodita, irmãos siameses, bebés com duas cabeças e, com o tempo, cabeças embalsamadas de cortesãos (muitos) caídos em desgraça. Mas eram os gigantes e os anões que sobretudo o fascinavam, particularmente os segundos. Fazia-os, por exemplo, em certas festas, saírem nus de enormes bolos. Punha particular empenho em organizar os seus casamentos, escoltando-os até ao leito nupcial. Distribuía-os em grande número aos grandes dignatários. É verdade que gostava também de apresentar gigantes finlandeses vestidos com roupa de bebé. Mas os anões eram a sua especialidade, por assim dizer.
Como se sabe, Putin manifestou recentemente a sua admiração por Pedro, o Grande, a propósito das suas conquistas na guerra contra a Suécia. De algum modo, é com Pedro, o Grande, que Putin se quer medir. Politicamente, entenda-se, já que, fisicamente, o caso é perdido. Pedro, o Grande, era de facto muito alto (2,03 metros, parece), e Putin não passa dos 1,68. Já que a estatura média de um anão é de 1,40, Putin está mais próximo dos anões de Pedro do que do próprio Pedro, o que nos permite pensar que este último o afeiçoaria singularmente. Mas a emulação política permanece compreensível. E até, se formos adeptos da psicologia adleriana, eminentemente inteligível. Um complexo de inferioridade abre largas avenidas para um complexo de superioridade compensatório.
À sua maneira, Putin tem, ele mesmo, uma legião de anões infinitamente mais vasta do que a de Pedro. Basta pensar em todos aqueles que, explícita ou implicitamente, torcem para que a Rússia ganhe, e ganhe depressa, a sua guerra contra a Ucrânia. Quando proclama o seu imorredoiro amor pela paz é isso que, por exemplo, o PCP pede, como toda a gente percebe. O PC tem um lugar de excelência entre a extensa legião dos anões de Putin. Não é uma imagem agradável, mas, em contrapartida, possui alguma verosimilhança: numa esplêndida festa no Kremlin, Putin faria sair, de dentro de um gigantesco bolo, a totalidade dos membros do Comité Central no estado em que a natureza os trouxe ao mundo. Talvez pudesse até dar lugar a uma memorável primeira página do Avante.
Mas não há nenhuma razão para ficarmos pelo PC. Os anões de Putin encontram-se um pouco por todo o lado. E a questão que se coloca é a de saber quais são os ingredientes fundamentais que colaboram de forma activa neste processo de nanização mental e política. Estamos aqui condenados à especulação. A minha, tão boa como outra qualquer, é que um elemento fundamental nesta matéria é um velho tema da filosofia política que encontramos, por exemplo, em Locke e em Hume: o entusiasmo. E o entusiasmo em duas das suas facetas: entusiasmo positivo e entusiasmo negativo.
O entusiasmo positivo é aquele que nos faz aderir incondicionalmente àquilo que desejamos como um bem. O entusiasmo negativo é aquele que nos faz rejeitar, não menos incondicionalmente, aquilo que vemos como um mal. Noutra linguagem, o primeiro é uma figura da atracção, o segundo uma encarnação da repulsa. E, o que é fundamental, ambos devem ser concebidos de um modo absoluto, sem falhas que possam introduzir alguma dúvida ou moderação.
Apliquemos este esquema aos anões de Putin, sem qualquer preocupação de exaustividade. Do lado do entusiasmo positivo encontramos, por exemplo, o velho amor pelo poder bruto, o culto da virilidade como virtude política, a adesão instantânea àqueles que se apresentam como prováveis vencedores e, como pano de fundo, a apetência por regimes políticos não-democráticos. Do lado do entusiasmo negativo, o anti-americanismo puro e duro, o protesto contra a decadência moral do Ocidente, o ancestral desprezo por aqueles que se apresentam como virtuais perdedores e, como pano de fundo, a detestação da democracia.
É indecidível qual dos dois entusiasmos é mais determinante no processo de nanização. O mais provável é eles darem-se ambos inseparavelmente em conjunto. No fundo, o entusiasmo positivo reforça o entusiasmo negativo e o negativo reforça o positivo, em graus que variam conforme os indivíduos. Num aspecto, no entanto, é o entusiasmo negativo que fornece o quadro mais importante da nanização putinesca: porque é ele que permite a criação de teorias conspiratórias que conferem ao processo de nanização a forma de uma certeza alucinada. A sua expressão mais simples é a de que o mundo visível é por definição enganador e que é necessário buscar, por detrás deste, por detrás do óbvio e do patente, um invisível onde resida a verdade que nos é sistematicamente escondida, sob a forma de uma potência maléfica que tudo manobra. A extrema desconfiança dá lugar a uma ilimitada credulidade. Por exemplo: no mundo visível, a Rússia invadiu a Ucrânia num acto de agressão inteiramente livre – mas, no mundo invisível, a invasão russa foi, do princípio ao fim, condicionada e determinada pela exclusiva acção dos Estados Unidos, os únicos verdadeiros responsáveis pela guerra em curso. De resto, por uma idealização simples e com ambições de elegância, os Estados Unidos são os únicos agentes dotados de uma verdadeira causalidade eficaz neste nosso velho planeta.
O “gabinete de curiosidades” de Putin está cheio destas curiosas almas que andam aos pulinhos por todo o lado. Não custa imaginar o olhar terno e benevolente com que o autocrata contempla os seus entusiasmos. Tanto quando aplaudem a guerra como quando falam, de olhos em alvo, da paz. Porque este “pacifismo” tem uma longa história. Ando a ler um livro (excelente) do historiador inglês Tim Bouverie, Appeasing Hitler, que oferece inúmeros exemplos do “amor pela paz” antes da invasão da Polónia. E, é claro, a Inglaterra estava muito longe de ter o exclusivo destas coisas. Em França, basta pensar, por exemplo, em dois autores muito conhecidos: o romancista Jean Giono e o filósofo Alain. Ambos eram pacifistas militantes. Giono, mesmo depois da invasão da França, não via qualquer diferença entre os nazis e os Aliados, além de manifestar no seu diário uma absoluta indiferença face ao destino dos judeus. Alain, que toda a gente, mesmo a que nunca o leu, conhece por causa de uma frase célebre – “Se alguém diz que não é de esquerda ou de direita, certamente que não é de esquerda” –, além de confessar o seu antissemitismo, declarava, também num seu diário, esperar que a Alemanha ganhasse a guerra, “pois é preciso que o género De Gaulle não vença entre nós” (curiosamente, como a Ucrânia para Putin, também para ele a França não tinha sido invadida pela Alemanha – era uma coisa diferente).
Hitler já tinha os seus anões. E os anões de Putin são muito parecidos com os dele. Por mim, tenho às vezes vontade de os mandar para o gabinete de Pedro. Iam sentir-se em casa.
Paulo Tunhas - in Observador.
quarta-feira, 8 de junho de 2022
Holodomoro estalinista e a chantagem da fome
Não é nova a cobiça de Moscovo pelas terras negras e férteis da Ucrânia do sul, à volta das cidades de Kherson, Zaporizhzhia e Odessa.
É lá que é plantada uma quantidade considerável dos cereais ucranianos, a quarta maior produção mundial de milho e a terceira de trigo.
Cereais cobiçados, mas cereais necessários para matarem a fome a uma parte considerável da população mundial. Caso estes cereais apodreçam nos silos ucranianos, 250 milhões de seres humanos ficam em risco de fome e 440 milhões deixam de poder comprar os produtos feitos à base de cereais de que necessitam para o essencial da sua alimentação.
A cobiça pelos cereais ucranianos vem já dos longínquos anos 30 do século passado, do tempo de Estaline. É aquilo a que os ucranianos chamaram de holodomor ou o "deixar morrer à fome". Quase cinco milhões de cidadãos de etnia ucraniana morreram à fome nos anos de 1931 a 1933. A causa foi a bárbara política do ditador soviético Estaline, que obrigou os agricultores ucranianos, através de uma "requisição compulsória", a entregarem ao Estado soviético a maior parte da produção de cereais ucranianos. Três anos que custaram cinco milhões de vidas de ucranianos que pereceram à fome.
Não é pois nova a questão dos cereais na Ucrânia!
Ucrânia e Rússia, os celeiros do mundo, são responsáveis pela produção de 28
% de trigo, 29% de cevada e 78% de óleo de girassol.
É com os cereais da Ucrânia que as Nações Unidas matam a fome a cerca de 155
milhões de seres humanos, que habitam os destinos pobres de África e do Médio
Oriente. Egipto, Gana, Senegal, Líbano, vá se lá saber como a população de
maior carência de nutrição destes países vai alimentar-se este ano se persistir
o bloqueio.
Apesar da guerra e ainda com os silos cheios dos 25 milhões de toneladas da colheira anterior, os ucranianos já lançaram mãos à obra para as sementeiras deste ano. Trigo, cevada, aveia, girassol e soja. Mas os campos estão minados, os trabalhadores agrícolas ucranianos deixaram as alfaias e vestiram o camuflado para combaterem as tropas invasoras russas. A escassez de combustível para os tractores agrícolas, a destruição de silos pelos russos, o bombardeamento de depósitos de combustível, vão fazer cair a produção em cerca de 50% dos 106 milhões de toneladas de cereais que a Ucrânia semeou em 2021. E depois, onde vão os ucranianos armazenar as novas colheitas se as anteriores continuam a apodrecer nos armazéns portuários sem que os navios as consigam carregar?
O cinismo do Kremlin já se fez ouvir sobre o assunto. E lá vem a chantagem! A Rússia está pronta "para ajudar a uma exportação sem entraves", mas só se o Ocidente levantar as sanções. Depois, no dizer de Putin, os barcos não circulam por causa das minas ucranianas no Mar Negro. Mas isso não impediu que um barco russo saísse de Mariupol rumo à cidade russa de Rostov, carregado com 2700 toneladas de metal roubado aos ucranianos num miserável exercício de pilhagem. Pilhagem que chegou também aos cereais, onde os russos estão a carregar navios com cereais ucranianos no porto de Sebastopol, na Crimeia. Um derivado da metodologia estalinista!
Os cereais são uma questão sensível que pode fazer escalar a guerra. Os países bálticos, Estónia e Lituânia, profundos conhecedores do modo de actuação do Kremlin, falaram em enviar navios de guerra para o Mar Negro para furar o bloqueio que a Marinha russa está a fazer aos portos da Ucrânia.
Imagine-se, contudo, o risco de uma operação deste tipo? Mas até quando poderá o mundo continuar a assistir a uma situação de flagrante violação do Direito Internacional? Até quando a Rússia, impunemente, vai continuar na senda de lançar o caos num equilíbrio mundial construído ao longo das últimas décadas? Até quando Putin pode, impunemente, pôr em causa o direito à alimentação de seres humanos mais pobres e desfavorecidos do mundo? Até quando Putin poderá continuar com esta chantagem da fome, com contornos muito idênticos ao que fez Estaline no holodomor?
Mas onde é que Merkel teria a cabeça quando vislumbrou em Putin um parceiro confiável?
03 Junho 2022
quinta-feira, 26 de maio de 2022
De sábio e de louco todos temos um pouco
1-Desde sempre que houve homens sábios e prudentes à mistura com loucos. Nos dias de hoje verificamos que há pessoas e organizações que se preocupam em preservar o meio ambiente. Há também, felizmente, voluntários que dão a sua ajuda desinteressada aos países mais pobres e subdesenvolvidos. Este é o lado positivo. Mas há também pessoas que fomentam a guerra e o terrorismo. Lançando milhares de pessoas na miséria e no sofrimento. Vemos ainda agricultores que destroem os produtos agrícolas que têm em excesso e não conseguem escoar, quando há povos a morrer à fome e que precisam deles para sobreviver. Este é o aspecto mais negro a que podemos designar de loucura.
Vem isto a propósito do livro “ Elogio da Loucura “ de Erasmo ( 1). Quase todos já ouviram falar do programa Erasmo que permite aos estudantes universitários o intercâmbio e a mobilidade com outras universidades europeias. Acredito, porém, que poucas saibam quem foi a figura que deu o nome a esse programa.
2- Erasmo nasceu em Roterdão na Holanda em 1496 e morreu em 1536 na Basileia, Suiça, com 70 anos de idade. Foi frade dos cónegos regrantes de Santo Agostinho e obteve o grau de doutor pela Universidade de Bolonha. Distinguiu-se ainda como filósofo, pedagogo e moralista. Viveu no período agitado da Reforma protestante e foi uma grande figura do humanismo cristão e do renascimento. É contemporâneo de Maquiavel e de Tomás Morus de quem era amigo e a quem dedica o livro “ Elogio da Loucura “. Sabe-se também que manteve contactos com os portugueses André de Resende e Damião de Góis.
Da leitura das suas obras podemos concluir que era um crítico dos métodos escolásticos e que rejeitava a filosofia e teologia medievais. Tal como Lutero advogava a reforma da Igreja mas nunca entrou em ruptura com Roma. Entendia que tudo se devia resolver por meios pacíficos e nunca através de revoluções. A Igreja para se reformar teria tão só de seguir um cristianismo simples, autêntico e de acordo com o Evangelho. O seu intuito reformador mereceu de alguns críticos do século XVI, o seguinte comentário : "Erasmo pôs os ovos que Lutero chocou. “ Mais tarde chegou mesmo a ser designado de “erasmismo “ à corrente que seguiu o pensamento de Erasmo
3-De todas as obras de Erasmo a mais popular e talvez a mais lida foi sem dúvida “ O Elogio da Loucura “ Erasmo elogia ironicamente a loucura dos que se sentem bem na ignorância e na estupidez ou na exploração dos mais fracos. A Loucura manifesta-se em todas as classes da sociedade. As críticas abarcam um leque muito variado de temas: a guerra que é “ feita de parasitas, infames, ladrões, assassinos, imbecis, devedores , escroques em suma pela escória da sociedade “ ; as superstições dos que rezam ,fazem votos e acendem velas pelas intenções e promessas mais absurdas ; os maus teólogos que se interessam por mesquinhices e formalidades sem sentido ; os sermões de alguns frades em que “ a erudição é tanta que os Apóstolos precisariam de outro Espírito Santo para discutirem esses assuntos com os novos teólogos “ . Erasmo critica ainda os jurisconsultos (“ que pretendem o primeiro lugar, pois são os mais vaidosos dos homens “ ; os filósofos (“ não sabem nada e gabam-se de que tudo sabem e nem se conhecem a si próprios “ ) ; os reis e príncipes ( “ julgam cumprir plenamente a função real indo assiduamente à caça, criando belos cavalos, traficando a seu grado cargos e magistraturas, inventando todos os dias novos processos de o seu fisco se apoderar das fortunas dos súbditos .. “ )
Tal como Gil Vicente , fustigou os grandes do seu tempo ( meirinhos, juízes, corregedores ) e foi mesmo acusado de “erasmismo “ devido ao seu espírito crítico e reformador, também Erasmo não poupou ninguém, chegando mesmo a criticar os soberanos pontífices, cardeais e bispos ( “ hoje em dia os bispos apenas se preocupam em apascentar-se a si próprios, deixando o cuidado do rebanho a Cristo e aos que chamam irmãos e seus vigários “ )
Mais para o fim do livro, Erasmo refere outro tipo de loucura, ou seja , a dos que se deixaram arrebatar pela piedade cristã e desprezando as coisas do mundo se orientam para a vida espiritual que conduz à eternidade.
4-O Elogio da Loucura é um tema ainda hoje actual. Na sociedade em que vivemos encontramos, como no século XVI, um pouco de tudo : os que se dedicam à fraude e à corrupção ; os bobos da política ou que fazem da política um espectáculo ; os servidores subservientes que procuram agradar para daí colher os seus frutos e os políticos com intuitos modernizadores que mandam às malvas a ética e a moral.
Mas no mundo nem tudo é mau. Felizmente também ainda há os que se deixam apoderar de uma sã loucura. Estão neste caso os que se dedicam a actividades humanitárias e filantrópicas ; os que ajudam com dinheiro ou em géneros os pobres e necessitados e também os que procuram por todos os meios assegurar a Paz no Mundo.
1- As citações foram extraídas do livro “ Elogio da Loucura- Erasmo, publicações Europa-América .
FRANCISCO MARTINS
sábado, 21 de maio de 2022
Vaidade de vaidade...
"Vaidade de vaidade é tudo vaidade, diz o pregador".
A humildade não desonra ninguém, mas se não tivermos vaidade do que nos enobrece enquanto povo, nem vaidade do valor daquilo e daqueles que amamos, quem é que a vai ter por nós?
sexta-feira, 20 de maio de 2022
Canção Portuguesa de origem Céltica (?)
Que os celtas estiveram em Portugal é verdade. "E a sua presença foi no Norte, antiga Gallaecia Bracarense e Noroeste." Há quem diga ainda que estiveram no Alentejo e no Algarve. O cantar é, obviamente, Alentejano. Mas o que importa aqui realçar é o antigo espírito pioneiro e indomável dos portugueses de antanho que deram novos mundos ao Mundo!
Recordar é viver
O anúncio acima da Regata Internacional apresenta um atleta de eleição que foi várias vezes campeão nacional de remo indoor, skiff individual, skiff de fundo em duplo scul e bem assim vencedor de várias provas internacionais, nomeadamente em Tui, Itália e na Lituânia. Do seu palmarés constam vários troféus que fazem parte do espólio do Ginásio Clube Figueirense e não só.
O menino e desportista de ontem (meu neto) é hoje engenheiro de informática e mestre em design e multimédia. Gosto de todos os meus netos e tenho igual carinho por todos eles. Mas ao ver a foto acima, não pude deixar de fazer o elogio que ele merece: parabéns Tiago pelo teu percurso de vida!
quinta-feira, 28 de abril de 2022
"A Mística de Putin"
"Cruzando antropologia, sociologia e reportagem, Anna Arutunyan relata as mais importantes histórias de Putin na última década, apresentando uma perspectiva por dentro do poder de um homem cujas acções são completamente dissonantes dos padrões da democracia europeia, mas que estão em perfeita consonância com a tradição da autocracia russa. Arutunyan revela um país em que cada soberano, com ou sem coroa, desempenha o papel de um czar."
quarta-feira, 13 de abril de 2022
domingo, 10 de abril de 2022
PÁSCOA DIFERENTE
Numa altura em que na Europa se iniciou uma guerra que já causou milhares de mortos e que pode por em causa o nosso futuro e a sobrevivência da humanidade é bom lembrar que a Páscoa é sinónimo de ressurreição.
Ressurreição que pode não ser no sentido literal do termo, mas no sentido do homem novo que sacode as sandálias do pó de caminhos difíceis que muitas vezes o obrigam a trilhar, devido a políticas e preconceitos desumanos onde avultam as lutas pelo poder mundial, cujo objectivo não é a dignificação do ser humano, mas a sua sujeição a vis interesses que não se compadecem com os mais fracos e desprotegidos.
Desejo uma PÁSCOA FELIZ a todos os leitores do Limonete; aos meus amigos/as e não amigos e aos meus amigos virtuais, esperando que no próximo ano possa renovar este desejo e que todos o possam ver.
domingo, 20 de março de 2022
A guerra na Ucrânia e as teorias da conspiração
"A Rússia não faz guerra ao povo ucraniano, mas a um pequeno grupo de
pessoas no seio do Poder norte-americano que transformou a Ucrânia à sua
revelia, os Straussianos. "- Thierry Meyssan.
Teorias absurdas
ou não, a guerra em curso às portas da Europa não começou só porque o
novo "Estaline" se lembrou de invadir e massacrar a Ucrânia independente e o seu povo. As
intenções de hegemonia continuam. E esse pode ser o objectivo de Putin
com o pretexto de defender as fronteiras da Federação Russa. Há jogos
ocultos dos senhores da guerra e pretensos donos do mundo que nos
escapam. Não é só a Rússia e eventualmente a China, além de outros poderes subterrâneos (in)suspeitos, que
podem por em causa a Paz e até a sobrevivência do género humano no mundo. Os USA também têm
culpas no cartório por acções de intromissão condenáveis em territórios
alheios, pese embora sejam os valores da democracia que nos são tão caros, que a América e o
Ocidente defendem. Até porque não nos podemos esquecer da luta da América na 2. GG
mundial a defender a Europa contra Hitler que só acabou com a
utilização do poder nuclear com que agora Putin nos ameaça. Quem faz a invasão de países e massacra povos inocentes esquece as lições do passado. A tentativa da instalação dos mísseis nucleares
em Cuba não pode ser esquecida. Será que os países do Ocidente estavam a querer fazer o mesmo na Ucrânia? Não se sabe ao certo, até porque há informações contraditórias. Pessoalmente não acredito. Mas o que os senhores da guerra não podem esquecer é o que alguém disse durante a guerra fria: "A humanidade tem de acabar com a guerra, antes que a guerra
acabe com a humanidade".
terça-feira, 15 de fevereiro de 2022
Miguel Torga, actual
Um texto que não deixa de nos surpreender pela sua actualidade e pela dureza semelhante às escarpas do Corgo. O conhecido e relevante Miguel Torga, escritor, poeta e médico português nascido em Sabrosa, Trás-os-Montes, parece mesmo que está ainda no nosso meio:
quarta-feira, 5 de janeiro de 2022
Debates legislativas
A oposição na política serve para "jarretar qualquer Governo" e impedi-lo de andar para aí aos pinotes. Mas, no caso português, parece que os partidos da oposição não sabem fazê-lo. E, se não sabem, também não servem para governar. Os debates para as legislativas de 2022 até agora vistos na comunicação social deixam muitas dúvidas aos eleitores. Temos um Rio que mete muita água e um Ventura com ideias radicais que um qualquer caudilho não desprezaria.
A dedução lógica é que o PS vai ser Governo novamente. A grande dúvida é se terá a maioria. Do mal, o menos. E, porque de irresponsabilidade já estamos fartos, vamos pedir a todos os Santos que o recente chumbo do orçamento de Estado não se vá repetir.
sexta-feira, 31 de dezembro de 2021
FELIZ ANO NOVO DE 2022
Este ano de 2021, prestes a finar-se daqui a poucas horas, não vai deixar boas recordações à maioria dos portugueses por várias razões, entre as quais avulta a pandemia do covid 19. "Situação de calamidade para todo o território nacional continental a partir das 00H00 de 1de Dezembro de 2021 até às 23H59 do dia 20 de Março de 2022."- (Resolução do Conselho de Ministros nº157/2021 de 27 de Novembro).
Finou-se também, por agora, com tais medidas extraordinárias, a liberdade e a alegria do costume quando os portugueses festejavam a passagem de ano, tal como acontecia no passado recente. São necessários cuidados extraordinários e capacidade de adaptação para se poder vencer esta maldita pandemia que não se sabe bem como começou nem quando acaba.
Pese embora os problemas do ano que agora finda, o LIMONETE deseja um FELIZ ANO NOVO de 2022 a todos os leitores e amigos que por aqui ainda vêm dar um vista de olhos, ao pouco que, por força de circunstâncias pessoais, o seu autor ainda vai publicando.
segunda-feira, 20 de setembro de 2021
FIGUEIRA DA FOZ, cidade há 139 anos
A Figueira da Foz, foi elevada à categoria de cidade há 139 anos por decreto Régio de D. Luís I de Portugal.
Enquanto cidade, está no Mapa e, mais do que isso, no coração dos Figueirenses e dos que fizeram deste recanto maravilhoso de Portugal a sua terra de eleição.
Para comemorar esta data, dou à estampa, com a devida vénia, um texto do meu amigo, Fernando Curado:
"No final do século XVIII, a aglutinação de vários casais que se chamavam o Paço, a Abbadia, o Monte, o Valle, as Lamas, e outros, deu origem a uma só povoação, com aproximadamente 2000 habitantes, a qual, por decreto de 12 de Março de 1771, foi elevada à categoria de vila com o nome de "Figueira da Foz do Mondego".
Parabéns à minha linda cidade e a todos os seus maiores que fizeram desta terra uma das mais belas cidades de Portugal.
sábado, 18 de setembro de 2021
Entourage ou não, eis a questão
No actual contexto político citadino, para não se cair no logro ou no grande “equívoco” de se votar em alguém que é de fora (embora ser da terra não seja um valor absoluto como alguém já disse) não basta dizer, considerando certas empatias partidárias absurdas (ou talvez não): “diz-me com que andas e dir-te-ei quem és”. Mais do que isso importa saber a verdadeira razão do regresso à Figueira da Foz do “gastador/contumaz” dos dinheiros públicos por onde tem passado, cuja permanência tem sido tão efémera quanto criticada e polémica.
quinta-feira, 1 de julho de 2021
My country, right or wrong
(…) Digo isto para que fique bem claro que sou homem de paz, nada dado a
revoltas e violências, o que não impede que, sonhando acordado, me veja a
conceber estratégias para solucionar a nossa desgraça, às vezes perguntando quantos
serão os senhores que detêm o poder em Portugal. Serão seiscentos? Setecentos? Mais
do que isso não serão, tenho quase a certeza que aos mil não chegam, e se uma
tarde se agrupassem no Terreiro do Paço junto da estátua, com tanto turista que
por ali anda nem se daria por eles.
Compare-se agora essa mão-cheia de poderosos com os dez milhões que somos, e a
conclusão impõe-se: não se trata de desequilíbrio, mas de um absurdo, nada
saudável para eles e para nós de proveito nulo. Por vias travessas levou-me
isso a pensar na batalha de Aljubarrota, quando trinta mil deitaram a fugir
diante de sete mil, mas a comparação é trôpega, pois nem nós nos vemos medrosos
como os castelhanos, nem os senhores do poder mostram o talento do Condestável.
De modo que a solução terá de vir por outros meios, mas é bom que não demore e
eles se dêem conta de que assim não for só perde quem tem. Nós, os dez milhões,
pouco temos para perder.
J. Rentes de Carvalho-O País do Solidó.
Pós-texto:
Depois de ler na íntegra o fundamental do livro em apreço, não posso deixar de
fazer o despretensioso comentário que se segue:
Tal como J. Rentes de Carvalho, acredito que há muitos portugueses a sonhar
acordados e a conceber estratégias para solucionar as nossas desgraças que são
algumas com destaque para a corrupção. Com efeito somos o País do Solidó que é
o mesmo que dizer do Tiro-liro-liro e do Tiro-liro-ló. Só que os protagonistas
do Tiro-liro-liro, são os que estão lá em cima e mandam no país e fazem o que
querem.
Cá em baixo está o tiro-liro-ló que é o povo, cuja vontade de cantar e dançar a
concertina é cada vez menos devido ao elevado custo de vida, aos impostos, ao
desemprego e à corrupção para a qual não existe um combate sério. O pretexto da
“presunção de inocência” e os offshores são as passadeiras na auto-estrada da corrupção e do
enriquecimento ilícito frequentemente usadas por figuras gradas do regime que
aproveitam os alçapões da lei para escapar à justiça.
Fomos heróis do mar e nobre povo? Seguramente que fomos. Mas, nas actuais
circunstâncias, estamos longe de o ser.
Hoje lutar pela Pátria não é marchar
contra os canhões que é um conceito ultrapassado. O 25 de Abril terá feito
algum bem? Claro que fez, mas este “venha a nós a roubalheira” tem de ser combatido
com coragem e patriotismo e uma nova adenda à letra do hino nacional português:
“contra os ladrões,” marchar, marchar…