sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Natal 2023

 


O Natal no meu tempo era diferente. Havia mais presépios e Jesus estava mais presente.

Hoje há a noção que entre Jesus e o Pai Natal existe uma evidente contradição.
Quantas vezes nós, crianças, à voz do pai ou mãe, à meia noite, com emoção, saltávamos da cama, ligeiros, a ver o que Jesus tinha deixado no sapatinho, um pequeno avião ou um carrinho de bombeiros.

O dinheiro não abundava, mas a felicidade chegava.

Hoje é o luxo do ter, mais que ser, ferindo aqueles que pouco ou nada têm para comer.
O sentido ecuménico e cristão é ofuscado pela exibição.

Muito consumismo e pouco cristianismo. Mas, mais importante do que isto é a mensagem de Jesus Cristo, o Alfa e o Ómega das nossas esperanças. Até porque Ele, segundo o poeta até nem "sabia nada de finanças".

Desejo um bom e feliz Natal a todos os leitores do Limonete.

sábado, 21 de outubro de 2023

Israel-Palestina: guerra sem fim

 



 
                                 (The Empire of David and Solomon-Mapa daquele tempo)

"Ao Mundo ou à espécie humana apenas deveria ser permitido uma guerra ou seja: a guerra contra a sua própria extinção ou invasão do seu país."

O ataque do Hamas a Israel no dia 7 de Outubro apanhou de surpresa os serviços secretos (Mossad) de Israel, inexplicavelmente, provocando centenas de mortos israelitas e outros tantos prisioneiros levados para Gaza que estão a ser utilizados como reféns para evitar a sua eminente invasão pelo exército de Israel.
Este atentado terrorista mereceu a condenação de quase todos os países do ocidente e reacendeu o conflito israelo-palestiniano de modo brutal. Uma das partes, Hamas, pretende a erradicação do Estado de Israel. Israel, eventualmente, pretende circunscrever ou acabar com bombardeamentos constantes os palestinianos que estão no gueto de Gaza em condições quase sub-humanas.

A divisão da Palestina em dois estados: um judeu e outro árabe aprovada pelas Nações Unidas (ONU) em 29 de Novembro de 1947 nunca foi aceite pelos países árabes continuando a ser um mito a sua concretização.
Todos os acordos de paz têm falhado e considerando os interesses antagónicos, difíceis de conciliar, onde sobressai o radicalismo do problema religioso de ambas as partes, é de prever que o conflito nunca venha a ter fim ou acabe por ter um desenlace de consequências imprevisíveis.

Pós texto: afinal o que quer o Hamas?


quarta-feira, 5 de julho de 2023

A ideologia do género

 


 

O tema é complicado e continua a ser polémico no seio das famílias e no Ensino de hoje, nomeadamente no básico.
Em primeiro lugar é preciso dizer que "a ideologia do género" nega que as diferenças entre homens e mulheres vêm de características naturais e biológicas", o que me parece um absurdo.

Acredito que as crianças devem ser ensinadas a respeitar e a valorizar o sexo com que nasceram e a sua anatomia. O que for além disso só conduz à confusão mental e ao desnorte da sua verdadeira identidade. Ora é precisamente aqui que me parece que a ideologia do género (ou seja lá isso o que for) é um embuste e quem a ensina está a falhar. 
 Como alguém já disse: "Tornar as escolas laboratórios de experiências é demasiado perigoso. As crianças não podem ser cobaias ideológicas". Claro que não. Mas fanáticos ideológicos não faltam por aí, alguns deles com assento nos areópagos do poder sediados na ONU que são inimigos da família tradicional.
 Não sei se alguém está a exceder o programa curricular. O que sei é que o que se ensina nas escolas sobre a ideologia do género não ajuda as crianças. Pelo contrário confunde a sua personalidade e pode ser o princípio da angústia de não saberem o que são.
  Alguém quer, com os custos psicológicos que isso implica e outros que se adivinham, que a juventude de hoje fique longe dos rapazes e raparigas do meu tempo, eles e elas orgulhosos da sua sexualidade e que seguiam o princípio: "mens sana in corpore sano" que deu ao país excelentes cidadãos. 
 
Os rapazes e as raparigas do meu tempo, só podem agradecer aos Professores que tiveram.

Nota:-Foto in Público.

domingo, 30 de abril de 2023

O Teatro da Política

 



O actual teatro da política mais parece uma ópera bufa com alguns actores com tendência congénita para a mentira e o burlesco. Os espectadores ficam incrédulos com tão maus espectáculos.
Tenham vergonha: saiam do palco e peçam para se arranjar gente séria e capaz de levar a  "Carta a Garcia".

terça-feira, 4 de abril de 2023

Das excitações de Abril



Todas as áreas políticas padecem de excitações diferentes ao aproximar-se a data do 25 de Abril:

-a esquerda comunista excita-se porque vê a vida mais que estragada e com razão;
-a esquerda democrática (PS?) excita-se porque se desviou dos ideais que jurou cumprir;
-a social-democracia (?) excita-se porque quer mudar a Constituição;
-a direita excita-se porque quer dar um rumo diferente ao País e Abril não deixa, apesar de tudo.

Necessitando este tema de um estudo mais aprofundado e para evitar mais excitações, vamos abordá-lo na perspectiva de alguns cidadãos, sobretudo daqueles que actuam como snipers na blogosfera local e não só. Nesta categoria temos os seguintes:

-os que continuam a olhar para Abril com esperança porque sabem que Abril não tem culpa da trampa que alguns políticos decidiram fazer;
-os que olham para Abril e julgam ver o diabo, mas sabem que é mentira e reconhecem que ainda não se adaptaram; sofrem de neurose, mas têm cura;
-os que olham para Abril e veem o diabo e estão mesmo convencidos disso; estão muito doentes (psicose); provavelmente não têm cura e podem tornar-se muito perigosos.

Não sendo eu psicólogo (alguém já pensou que sim) entendo que as excitações devem continuar, não sem deixar de dizer que quem não se excita ou não sente, ou está morto ou não é gente (passe a expressão)!...

PS: Este texto foi dado à estampa pela primeira vez em 18/04/2010. Creio que esta edição faz sentido não só porque porque Abril continua adiado, mas também, como disse Fernando Pessoa: "Senhor, falta cumprir-se Portugal".


sexta-feira, 31 de março de 2023

A incógnita do Poder Global

 

Rússia e China na senda do Poder Global

O objectivo dos mentores e senhores da guerra é a imposição de uma Nova Ordem Mundial com todas as consequências que se adivinham. Por isso não deixa de ser um absurdo pensar que com a Rússia autocrática que faz uma invasão a um país independente ao arrepio da carta das Nações e do direito internacional o mundo vá viver melhor ou em democracia. E se esse objectivo da Rússia de avançar com a China e países aliados e simpatizantes (quiçá com a Coreia do Norte) em direcção a uma “NOVA ORDEM MUNDIAL MULTIPOLAR, JUSTA E DEMOCRÁTICA." se concretizar, isso significa que o futuro da humanidade pode ser pior do que aquilo que se possa imaginar.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Raúl Brandão-biografia

 
 


Raúl Brandão, militar, escritor e jornalista:

"Se tivesse de recomeçar a vida, recomeçava-a com os mesmos erros e paixões. Não me arrependo, nunca me arrependi. Perdia outra tantas horas diante do que é eterno, embebido ainda neste sonho poluído. Não me habituo: não posso ver uma árvore sem espanto, e acabo desconhecendo a vida, titubeando como a comecei. Ignoro tudo, acho tudo esplêndido, até as coisas vulgares, extraio ternura de uma pedra."

Nota: Prefácio do 1º. volume das Memórias de Raúl Brandão.

"Frequentou o curso superior de Letras, mas ingressou na carreira militar. Colocado em Guimarães, retirou-se para a Casa do Alto, quinta próxima de Guimarães, local de produção da maior parte da sua obra literária, alternando o isolamento nortenho com estadias em Lisboa, onde desenvolveu paralelamente uma atividade jornalística, tendo colaborado em publicações como o Imparcial, Correio da Noite, Correio da Manhã e O Dia. Nestes últimos, é constante o seu debruçar sobre o terrível drama da condição humana, perpassado pelo sofrimento, a angústia, o mistério e a morte. São também constantes as referências aos ofendidos e humilhados, face visível da expressão humana que é um dos motivos mais regulares na sua obra."

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Autopsicografia do professor português


Não sou professor, mas fui aluno e tive bons professores. Acredito que a classe docente é nuclear para a formação de bons cidadãos e futuros dirigentes do País. É inacreditável a actual situação dos professores e não compreendo porque é que o poder político destrata tanto a classe docente e a obriga a defender, pela via da greve, a dignidade e a melhoria da sua profissão. Daí porque dou à estampa  o artigo de opinião que se segue:

"O cansaço que nasce disto tudo não é metafísico nem poético, é um sintoma de exaustão que empurra os professores para um espaço fora de si mesmos. Os professores portugueses mereciam outro país.

Se quisermos compreender o estado de alma de um professor português de hoje, se alguém quiser analisar a sua autopsicografia, comece por ler o poema O que há em mim é sobretudo cansaço, de Álvaro de Campos, e encontrará aí o melhor retrato psicológico do professor português de hoje. “Um supremíssimo cansaço”, num dos versos do poema, é aquilo que sentem
os professores que nas últimas décadas se têm adaptado a todas as modificações que lhes impuseram na sua vida profissional. Agora rebentaram as águas do desespero, da exaustão de quem não aguenta mais as vicissitudes da sua profissão.

O professor português cumpriu tudo o que lhe pediram nas últimas décadas, a cada mudança curricular, a cada mudança do sistema de avaliação, a cada mudança dos processos de gestão escolar, a cada regra nova que chegou à sua escola quase diariamente. Foi calando, foi desabafando com os seus pares, porque a sociedade desistiu de o compreender, tentou pequenos protestos e nada resultou. Não me surpreende ver este reerguer de toda uma classe de forma espontânea, como se todos pertencessem ao mesmo partido da educação, que não existe, mas que devia existir, que não tem fronteiras políticas e que obedece apenas ao coração de cada um. Se na Crónica de D. João I, de Fernão Lopes, aprendemos como se constrói o sentimento colectivo do povo português pela consciência de que todos pertencemos a uma mesma nação ou comunidade, esta “arraia-miúda” de professores que agora veio para as ruas transporta o mesmo sentimento colectivo de uma nação de professores que não aceita mais a discriminação social e política.

Cada vez tenho menos argumentos para convencer jovens estudantes a optar por esta profissão. Como explicar-lhes que o Estado trata os professores de forma diferente: aos governantes que declarem residir fora de Lisboa dá-lhes ajudas de custo no valor do ordenado mínimo; aos médicos que queiram ir trabalhar longe de casa, a partir de 2024, através do programa “Mais médicos”, dá-lhe um aumento salarial de 40% e casa para morar; aos restantes funcionários públicos conta-lhes todo o tempo de serviço prestado, mas deixa os professores de fora nesta equação; na Madeira e nos Açores, os professores conseguiram recuperar faseadamente todo o tempo de serviço; no continente, os professores continuam à espera dessa recuperação, embora todos descontem por igual para a Caixa Geral de Aposentações; os técnicos superiores da função pública com doutoramento foram aumentados 400 euros, mas os muitos professores que hoje já têm doutoramento ficaram exactamente onde estão, com o mesmo dinheiro e sem uma justa progressão na carreira.

Como explicar ainda aos jovens aprendizes de professor que aquilo que têm de ensinar amanhã não é um currículo completo, mas apenas aprendizagens essenciais que nunca foram concebidas para serem currículo completo? Como explicar-lhes a lógica de um sistema de avaliação de aprendizagens que anula a função de um professor e o transforma num polícia de comportamentos que vai anotando em grelhas insanas cada estímulo recebido, sobrando tempo nenhum para o acto de ensinar, de pensar naquilo que se ensina e de ajudar a aprender verdadeiramente?

O cansaço que nasce disto tudo não é metafísico nem poético, é um sintoma de exaustão e descrença profissional que empurra os professores para um espaço fora de si mesmos: já não agem, apenas reagem; já não pensam no seu próprio discurso de aula, apenas informam; já não conseguem avaliar aprendizagens, apenas registam resultados visíveis.

 Em matéria de educação, os programas de todos os partidos portugueses são paupérrimos. Não há um plano estratégico a médio, longo prazo, tudo é pensado para o momento ou para o tempo de uma legislatura. Mudanças eficazes em educação exigem muito mais tempo de maturação e, sobretudo, visão estratégica. Se no início deste ano lectivo, em França, faltavam 4000 professores, o Presidente francês, Emmanuel Macron, prometeu que nenhum professor iniciaria a sua carreira profissional com salário inferior a 2000 euros e tentou assim atrair novos profissionais.

Nos EUA, o American Rescue Plan Act, de Joe Biden, representou em 2021 o maior investimento público de sempre em educação, com 170 biliões de dólares, focado sobretudo na contratação de mais professores e combate ao abandono escolar. A República da Irlanda, país da nossa dimensão, tem um orçamento de quase dez mil milhões de euros para a educação em 2023, dos quais dois mil milhões para contratar novos professores. Estes são breves exemplos de políticas com visão estratégica de quem quer realmente apostar na educação e nos professores.

Também começo a sentir “um supremíssimo cansaço” disto tudo. Em breve, terei de enfrentar, num único seminário, 150 novos candidatos a professor. Hei-de elogiar em primeiro lugar a sua coragem por estarem ali; hei-de encontrar o melhor discurso possível para lhes explicar a nobreza da profissão; serei realista ao descrever o local para onde irão trabalhar no futuro, não esconderei nenhuma vicissitude, apelarei ao melhor de cada um para que possam sobreviver a esta profissão e no final, se possível, que encontrem o prazer de ensinar. Só não sei quantos ficarão até ao fim do curso e quantos irão sobreviver ao primeiro impacto da vida real.

Ninguém acolhe um jovem professor numa terra estranha. Poucos sobrevivem com apenas 1000 euros líquidos para alimentação, alojamento e viagens e muitos têm de pedir ajuda aos pais para poderem trabalhar. Parecem condenados a sentir logo “um supremíssimo cansaço” assim que experimentam a profissão pela primeira vez.

O professor português não é um fingidor e sente todas as suas dores. Mais, tem de gerir as dores de todos à sua volta diariamente, substituindo tantas vezes aqueles que tinham a responsabilidade de cuidar dos afectos dos seus alunos. Hoje, tudo se pede a um professor, pede-se-lhe a responsabilidade total de educação de um jovem, embora seja pago apenas para ensinar, por isso, reconhecer que os professores estejam cansados, supremissimamente cansados, devia ser suficiente para reconhecer que o seu protesto de classe é justo. Os professores portugueses mereciam outro país."

Carlos Ceia- Professor Catedrático da FCSH da Universidade Nova de Lisboa

 

 

sábado, 21 de janeiro de 2023

A peregrinaCão de Artur Vilar

 


Começa assim o livro, “A peregrinação de Artur Vilar”, do escritor de origem Figueirense, Eduardo Palaio:

Meu pai, um figueirense dos antigos, quer dizer, daqueles para quem a Figueira é a terra mais linda e a melhor em tudo, foi quem me falou primeiro, era eu criança, do Soldado Desconhecido.
Depois, pela Rua Fresca, pela Rua Bela e pela de Santo António, conheci uns velhotes e que usavam uns emblemas iguais na lapela e que tinha andado com o Soldado Desconhecido, como aconteceu com o pai do Reis Jorge, meu colega no Conde Ferreira, de quem se dizia ser gaseado.

Na contracapa, em jeito de introdução, lê-se:
Artur Vilar saiu da Figueira da Foz natal e foi para Angola como voluntário nos primeiros anos do século XX. Diz de si próprio que foi duas vezes cativo, entrou numa guerra mundial e em mais cinco campanhas militares, foi quatro vezes ferido em combate e ficou três meses prostrado na cama por uma cadeirada que o pai lhe deu; foi conspirador e guerreou debaixo de duas bandeiras e dois hinos, teve três esposas, foi dono de roça, sapateiro, pedreiro e caçador por sua conta e por conta de outros; esteve num lazareto, apanhou febre-amarela, pneumónica e seis biliosas; foi pasto de piolhos, teve destino de branco e de negro; nunca levou uma medalha, nem ninguém ouviu falar dele na sua terra. Esta é a história da sua peregrinação, no meio da qual, ao prepararem-se para lhe fazerem uma raspagem sem anestesia no hospital do Lubango, lhe atiraram carinhosamente: “Aguenta, Cão!”

NOTA- Faço aqui um despretensioso comentário: Uma história extraordinária,  muito bem contada por um escritor de eleição que nos prende até à última página. Fala de Lavos, Gala, Buarcos e Tavarede. Um livro que todos os Figueirenses deviam ler.


quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Deixem estar o Hino Nacional




Deixem estar o Hino Nacional como está que é o símbolo de um País com mais de 800 anos de existência, com uma linda e extraordinária história e o mais antigo Estado Nação da Europa. Não embirrem com os canhões. Os predadores da Pátria (vulgo, ladrões) são tantos que nunca se sabe se os canhões vão ser precisos.