Hoje, 1º de Maio, comemora-se o dia do trabalhador. Estas comemorações têm carácter mundial mas há países em que não se festeja no mesmo dia. Este dia está carregado de simbolismo e é uma história heróica de há muitos anos. Tem sido uma luta de sofrimento contra a opressão e exploração desumanas do trabalho pelo patronato e teve início nos
EUA em 1886.
"Em Portugal, os trabalhadores assinalaram o 1.º de Maio logo em 1890,
o primeiro ano da sua realização internacional. Mas as acções do Dia do
Trabalhador limitavam-se inicialmente a alguns piqueniques de
confraternização, com discursos pelo meio, e a algumas romagens aos
cemitérios em homenagem aos operários e activistas caídos na luta pelos
seus direitos laborais.
Com as alterações qualitativas assumidas pelo sindicalismo português
no fim da Monarquia, ao longo da I República transformou-se num
sindicalismo reivindicativo, consolidado e ampliado. O 1.º de Maio
adquiriu também características de acção de massas. Até que, em 1919,
após algumas das mais gloriosas lutas do sindicalismo e dos
trabalhadores portugueses, foi conquistada e consagrada na lei a jornada
de oito horas para os trabalhadores do comércio e da indústria.
Mesmo no Estado Novo, os portugueses souberam tornear os obstáculos
do regime à expressão das liberdades. As greves e as manifestações
realizadas em 1962, um ano após o início da guerra colonial em Angola,
são provavelmente as mais relevantes e carregadas de simbolismo. Nesse
período, apesar das proibições e da repressão, houve manifestações dos
pescadores, dos corticeiros, dos telefonistas, dos bancários, dos
trabalhadores da Carris e da
CUF. No dia 1 de Maio, em Lisboa, manifestaram-se 100 000 pessoas, no Porto 20 000 e em Setúbal, 5000.
Ficarão como marco indelével na história do operariado português, as
revoltas dos assalariados agrícolas dos campos do Alentejo, que tiveram
o seu grande impulso no 1.º de Maio de 62. Mais de 200 mil operários
agrícolas que até então trabalhavam de sol a sol, participaram nas
greves realizadas e impuseram aos agrários e ao governo de Salazar a
jornada de oito horas de trabalho diário.
Claro que o o 1.º de Maio mais extraordinário realizado até hoje, em
Portugal, com direito a destaque certo na história, foi o que se
realizou oito dias depois do 25 de Abril de 1974."