domingo, 23 de setembro de 2018
Figueira da Foz
No pretérito dia 20 de Setembro, na comemoração do 136º aniversário da elevação da vila da Figueira da Foz a Cidade, alguém disse que “a Figueira tem tido um desenvolvimento brutal”. Se quem o afirmou queria dizer à bruta, não anda longe da verdade. Com efeito a cidade parece que sofreu, recentemente, um terramoto ou que foi alvo de algum bombardeamento. É um cenário desolador: são pisos levantados, estaleiros em lugares menos próprios, ruas cortadas e buracos por todos os lados. São efeitos de algumas obras polémicas de requalificação cá do burgo? Vamos então ter paciência. O cujo dito só se esqueceu de dizer quando é que ficamos livres deste estado de sítio.
sexta-feira, 21 de setembro de 2018
O porquê das coisas
Quer se queira quer não, a nomeação da nova PGR não está isenta de críticas. Não é a sua figura que está em causa. O problema é que alguns políticos desta República, continuam a entender-se muito bem na tomada de decisões polémicas, nomeadamente naquelas que escondem as suas verdadeiras intenções ou motivações, tomando o povo por parvo. Povo este, aliás, que sabe muito bem que a justiça não é igual para todos. É óbvio que não podemos esquecer que "Joana Marques Vidal, foi a única Procuradora Geral que teve a coragem de acusar os todo-poderosos Sócrates e Salgado e não só, e bem assim, não podemos esquecer que Costa é amigo de Sócrates e que o PR é amigo de Ricardo Salgado" (ex-DDT, ou ainda é DDT?). É certo que quase todos os PGR têm sido polémicos, por esta ou por aquela razão. O poder instalado e os interesses políticos/partidários condicionam muito. O grande combate, diz-se, é contra a corrupção. Se assim é, urge melhorar as condições políticas e meios para o exercício do cargo com total independência e credibilidade. Posto isto, vamos esperar para ver se a nova PGR, com o seu perfil discreto, vai exercer a sua capacidade e eventual sentido de Justiça no combate à corrupção com a imparcialidade que se impõe, ou se, pelo contrário, vai ser mais do mesmo.
quarta-feira, 12 de setembro de 2018
As Praias de Portugal
"A Figueira participa do carácter que tem Coimbra, um pouco para pior, porque os estudantes que frequentam a Figueira são ordinariamente os piores, os mais broncos, os que não saem de Coimbra, aqueles em que os efeitos do vício universitário se desenham mais profundamente.
Estes senhores com o seu afetado desdém, com o seu mau ar de críticos, com o seu espírito de troça, e os srs. professores com a sua sobranceria catedrática, constituem o grande senão da sociedade da Figueira, sobre a qual destingem a sua cor especial.
E, não obstante, nenhuma outra praia em Portugal possui as condições desta para tornar agradável a estação dos banhos.
Batida do grande mar, tendo à direita a bonançosa baía de Buarcos e à esquerda os rochedos em que assenta o castelo de Santa Catarina, que defende a foz do Mondego, a vila da Figueira oferece aos banhistas incomparáveis condições.
A povoação é rica pelo comércio do sal e pela exportação dos vinhos da Bairrada.
Uma companhia edificadora tem construído casas agradáveis, em um bairro novo junto à foz do Mondego, em sítio elevado e sadio. Neste bairro há um hotel, Foz do Mondego, onde se recebem hóspedes a 1$000 reis por dia.
A vila tem ainda mais dois hotéis, o Figueirense e o da Praça Nova, um pequeno teatro, uma praça de touros e dois clubes: a Assembleia Recreativa, no bairro novo, onde se dança às terças e sextas-feiras, e a Assembleia Figueirense, no antigo palácio dos condes da Figueira, onde se dança à quinta-feira e ao domingo.
Além das soirées nos dois clubes, as senhoras costumam organizar concertos e bailes. A soirée é uma das grandes preocupações desta praia, e não será por falta de contradanças que os banhistas deixarão de se regozijar neste sítio.
As burricadas e os pic-nics a Buarcos, ao farol da Guia, ao palácio de Tavarede, vão-se tornando cada vez mais raros.
Por uma disposição superior, cujo alcance debalde nos esforçamos por atingir, é proibido o ingresso dos burros no interior da vila, o que não obsta a que lá entrem muitos - disfarçados.
O passeio predilecto dos banhistas é a Palheiros, pequena povoação de pescadores, a meio caminho de Buarcos, onde recolhem as redes da sardinha."
Isto dizia Ramalho Ortigão in AS PRAIAS DE PORTUGAL - 1876
Foto sacada daqui.
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