sexta-feira, 27 de junho de 2014

A Soberania do Estado

À excepção de um ou outro político, mandatário de interesses estrangeiros forçado pelas circunstâncias ou que faça, inconscientemente ou por ignorância o papel de um qualquer Miguel de Vasconcelos de má memória, nenhum português vê com bons olhos a perda de soberania de Portugal.
Hoje sabemos que temos uma soberania limitada e que quem manda no país, grosso modo, não são os portugueses. As razões são de carácter económico, mas também de cariz político onde avulta a fraqueza da maioria dos nossos governantes que não querem ou não têm capacidade para relançar Portugal na senda do futuro. Mas esta questão não é de hoje, como diz Sara Capelo no seu livro: Os estrangeiros que mandaram em Portugal.

"A questão da perda de soberania do Estado Português não é novidade. Desde o século XVI que Portugal esteve, por períodos mais ou menos longos, sob o domínio de outros Estados. Tudo começou com a batalha de Alcácer Quibir e o desaparecimento do Rei D. Sebastião, sem deixar herdeiro ao trono, que abriu caminho à subida de Filipe II de Espanha ao trono em Portugal. Foi o primeiro estrangeiro a mandar no nosso país. E a ele outros se seguiram. Até meados do século XIX contam-se mais seis, entre espanhóis, franceses e ingleses. Nenhum foi particularmente bom gestor e os interess es pessoais e do reino que representavam falaram sempre mais alto do que os dos portugueses. O povo viu sempre com desconfiança a presença destes forasteiros. Desconfiança que atravessou os séculos e se fez sentir nas décadas de 70 e 80 do século passado (aquando das intervenções do FMI em Portugal) e se faz sentir hoje face à troika, nomeadamente em relação a Christine Lagarde ou Ângela Merkel, enquanto representantes de instituições e outros Estados."

Com o olhar atento e cauteloso do Reino Unido, grande parte da Europa está sob a batuta alemã, não pela guerra mas pela via económica, com o nome de União Europeia, para o bem ou para o mal. E os países mais pequenos, destinados a serem degraus de um projecto ambíguo e quiçá perigoso, estão cada vez menos unidos, menos independentes, mais pobres e desconfiados. É que eles sabem, pela amarga experiência do passado, que o poder não desiste de velhos e disfarçados sonhos de hegemonia imperialista e que a história pode repetir-se mais uma vez.



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