sábado, 21 de janeiro de 2023

A peregrinaCão de Artur Vilar

 


Começa assim o livro, “A peregrinação de Artur Vilar”, do escritor de origem Figueirense, Eduardo Palaio:

Meu pai, um figueirense dos antigos, quer dizer, daqueles para quem a Figueira é a terra mais linda e a melhor em tudo, foi quem me falou primeiro, era eu criança, do Soldado Desconhecido.
Depois, pela Rua Fresca, pela Rua Bela e pela de Santo António, conheci uns velhotes e que usavam uns emblemas iguais na lapela e que tinha andado com o Soldado Desconhecido, como aconteceu com o pai do Reis Jorge, meu colega no Conde Ferreira, de quem se dizia ser gaseado.

Na contracapa, em jeito de introdução, lê-se:
Artur Vilar saiu da Figueira da Foz natal e foi para Angola como voluntário nos primeiros anos do século XX. Diz de si próprio que foi duas vezes cativo, entrou numa guerra mundial e em mais cinco campanhas militares, foi quatro vezes ferido em combate e ficou três meses prostrado na cama por uma cadeirada que o pai lhe deu; foi conspirador e guerreou debaixo de duas bandeiras e dois hinos, teve três esposas, foi dono de roça, sapateiro, pedreiro e caçador por sua conta e por conta de outros; esteve num lazareto, apanhou febre-amarela, pneumónica e seis biliosas; foi pasto de piolhos, teve destino de branco e de negro; nunca levou uma medalha, nem ninguém ouviu falar dele na sua terra. Esta é a história da sua peregrinação, no meio da qual, ao prepararem-se para lhe fazerem uma raspagem sem anestesia no hospital do Lubango, lhe atiraram carinhosamente: “Aguenta, Cão!”

NOTA- Faço aqui um despretensioso comentário: Uma história extraordinária,  muito bem contada por um escritor de eleição que nos prende até à última página. Fala de Lavos, Gala, Buarcos e Tavarede. Um livro que todos os Figueirenses deviam ler.


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