segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Breve história de Moçâmedes, capital do Namibe.

 



 

A região de Namibe foi descoberta por Diogo Cão, em 1485, realizando-se a primeira exploração territorial, apenas  em 1785, pelo General de Angola, José de Almeida Vasconcelos Soveral e Carvalho, barão de Moçâmedes.
A provincia do Namibe é a terra dos povos hereros, que habitam a região desde a grande migração banta, iniciada na primeira metade do primeiro milénio da era cristã. A formação dos hereros deu-se pelo isolamento geográfico que permitiu a fragmentação etnoliguista banta. Anteriormente a região era de domínio dos povos coissãs, conhecidos por bosquímanos ou  boximanos.
O principal posto colonial português na provincia fez-se na cidade de Moçâmedes que, até ao século XV não registava presença  europeia e se chamava "Chitoto Chobatua" (buraco dos passarinhos) uma aldeia de pescadores, pastores e caçadores que existia na baía do Namibe.
A colonização efetiva do litoral de Angola a sul de Benguela acontece a partir de 1840 com a edificação do Forte de São Fernando de Namibe (obra terminada em 1844) na Ponta Negra, atualmente localizado dentro da malha urbana de Moçâmedes. Em 1845, residiam em permanência no Forte 30 militares e na sua envolvência 70 civis que se ocupavam sobretudo de transações comerciais operadas na feitoria. Exceção à regra era o algarvio Fernando Cardoso Guimarães que em conjunto com outros iniciara aquela que seria a atividade por excelência da futura província de Moçâmedes, a pesca. Todavia, seriam os acontecimentos ocorridos do outro lado do Atlântico a provocarem o aumento exponencial da população branca em Moçâmedes.

Na sequência da independência do Brasil, uma parte da comunidade portuguesa de Pernambuco sentiu-se vítima de perseguição por recusar adotar a nova nacionalidade, por isso, solicitaram ao governo de Lisboa a sua evacuação para uma das colónias do Reino de Portugal. Bernardino Freire de Figueiredo Alves Abreu e Castro surge como o interlocutor entre esta comunidade e Lisboa. Findas as negociações, Castro torna-se líder do primeiro grupo de colonos que em 1849 partiu de Pernambuco a bordo da embarcação “Tentativa Feliz” com destino a Moçâmedes. No ano seguinte, chegou um novo grupo de colonos pernambucanos, aproximadamente 300, desta vez liderados por José Joaquim da Costa. É, portanto, atribuída à comunidade pernambucana a fundação da cidade de Moçâmedes. (SERRAO, 1984) Posteriormente, na década de 1860, começaram a chegar a Moçâmedes comunidades provenientes de Portugal Continental, nomeadamente, do litoral algarvio e da Madeira, estes últimos em consequência do plano governamental de povoamento do Planalto da Huíla. (Bastos, 2009) Por esta altura, as principais fontes de rendimentos da população eram a pesca, a baleação e a transformação do pescado (produção de óleos, salga, secagem e conservas). Quantos às restantes atividades económicas, derivavam do apoio à baleação norte-americana - que passou a incluir Moçâmedes na sua rota de pesca e abastecimento - e da exploração agrícola que fora dinamizada pelos colonos brasileiros quando introduziram novas culturas (e.g. cana-de-açúcar). (MENDES, 2005)

Consequentemente, o crescimento económico, aliado ao fim da escravatura, provocou um déficit de mão-de-obra, razão pela qual aumentou o número de colonos metropolitanos. Assim, com crescimento demográfico e a diversificação da economia, a paisagem foi sendo sistematicamente modelada: aumentou o edificado para fins habitacionais, administrativos e produtivos; desenvolveram-se vias de comunicação (ampliação dos portos, desenvolvimento da rede ferroviária e rodoviária); ampliou-se a área agrícola, de pastagem e de mineração.
E foi nesta linda cidade do Namibe, que pode ser ou já é mesmo um excelente roteiro turístico da província de Angola, independente, que eu autor deste blogue, estive durante 4 anos onde vivi uma história que nunca sonhei contar, mas que já dei à estampa tanto quanto se pode ver aqui, ressalvando pormenores pessoais, menos felizes, alguns deles, provocados por poderes interesseiros e vis de alguns actores repressivos do regime de então.