Depois de se ter dito que o governo se prepara para deixar cair o projecto de alta velocidade a secretária de estado dos transportes garantiu que o decreto-lei que vai regulamentar o troço de alta velocidade, Poceirão-Caia, "já está em preparação" (in-C. da Manhã de hoje).
O projecto português do TGV assenta fundamentalmente na construção de três eixos com os seguintes itinerários:-eixo, Lisboa-Porto - Lisboa, Leiria, Coimbra, Aveiro e Porto, com início previsto em 2015;-eixo, Lisboa Madrid - Lisboa, Évora, Elvas/Badajoz, Mérida, Cáceres e Madrid, com início previsto em 2013;-eixo, Porto-Vigo - Porto, Braga/Barcelos e Vigo, com início previsto igualmente em 2013.
A propósito deste projecto que pessoas altamente qualificadas, dizem ser megalómano e que poderá endividar até ao tutano as próximas gerações, existem, contra, muitas outras razões avulsas das quais se destacam as seguintes:
-as novas linhas têm que ficar desimpedidas de obras de arte, prédios e outras construções em cerca de cinquenta metros para cada lado da via o que vai obrigar a vultosas expropriações;
-o TGV nunca irá atingir os 400 Klm.s horários em Portugal, pouco passando, mesmo, dos 200 Klm.s horários do trajecto, Lisboa-Porto o que já é conseguido pelo actual pendular. O TGV irá apenas ganhar vinte minutos de antecipação;
-O custo do bilhete em TGV para a Europa fica mais caro que o correspondente ao bilhete por via aérea;
-o projecto não concorre para combater a desertificação ou melhorar o desenvolvimento do interior do País em particular. Quanto às melhorias gerais que daqui podem advir as dúvidas são mais que pertinentes. Nunca foram, nem vão ser totalmente esclarecidas, porque a relação custo/proveito parece só interessar aos grandes lobbies das construtoras multi nacionais.
Deveríamos tomar como exemplo os países escandinavos que sendo maiores e mais ricos do que nós não querem o TGV, melhorando, outrossim, as suas redes ferroviárias nacionais, onde se viaja confortavelmente e com horários cumpridos a rigor.Se, como tudo indica, o projecto em curso é gravoso e não passa de uma teimosia, ou de uma decisão tomada nos areópagos do poder à revelia dos verdadeiros interesses nacionais, cabe perguntar: o que ganham os portugueses com a obstinação da oligarquia vigente?Provavelmente uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma, porque há muitos bons portugueses que já pensam, muito prosaicamente, que a UE só nos vai dar chouriços, a partir de agora, se lhe dermos um porco. O que é importante reter é que o país, onde o desenvolvimento e os habitantes se concentram cada vez mais no litoral, pode vir a sofrer o colapso da jangada: virar-se só para um lado e soçobrar no mar, esse mesmo mar/oceano que, no passado, foi a causa da sua maior glória. E não há nenhum TGV que iluda esta questão!
Recebi ontem um comentário que não publiquei por interesse de caracter particular do autor do mesmo. Concordou com tudo o que se diz neste post e desejou que o tema tivesse discussão por ser digno disso. Constato, todavia, que assim não acontece ou porque continua a haver um défice de massa crítica no país ou talvez porque já existe, novamente, medo de falar! E é pena que assim seja, porque para intervir basta dizer o que sentimos sem ofender ninguém.
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