segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

As gerações à rasca

“A geração de 60 será em Portugal uma das primeiras em décadas e décadas a ser sucedida por outras que viverão pior. O ano que agora acaba é aquele em que se tornou óbvio que falharam a vida, meninos. O que nos espera de agora em diante é constatar que para lá desse falhanço também lixaram a vida daqueles que vieram depois.” – Ver aqui.

Helena Matos-Público 30/12/2010

Helena Matos supera-se a ela própria neste ensaio sobre a geração de 60. Não gostei de a ler há dias, quando contestou a última greve geral dos trabalhadores. Mas, desta vez, põe o dedo na ferida, dizendo a verdade e apontando os responsáveis do estado a que se chegou, embora numa perspectiva de direita como é seu apanágio. A verdade, porém, é demasiado importante para ser exclusivo da direita ou da esquerda.

Só há que distinguir entre os “meninos” da geração de 60 a que ela se refere, que falharam a vida dos outros, mas não a deles, e os “meninos” sacrificados da mesma geração, obrigados a fazer uma guerra colonial que durou demasiado tempo. E não foram estes que falharam, mas sim aqueles, a geração de alguns políticos rascas (que se desenrascaram muito bem a eles próprios) a quem foi entregue o poder e que estão a pôr à rasca algumas gerações por tempo indeterminado. E talvez de modo irreversível.

4 comentários:

  1. Amigo Fadigas:
    Gostei muito do artigo da Helena Matos, muito embora nunca esteja de acordo com generalizações...
    Eu nasci em 1940, fui estudante até 1958/59 (e em Coimbra), "falhei" a participação activa na guerra por não ter cumprido serviço militar...
    Mas tive sempre contacto estreito com TODA A MALTA...
    Se tivesse de ser "influenciado", certamente seria. Como é que isso me deixa no contexto de toda esta questão???...
    Um abraço.
    J. Cascão

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  2. (...)"Como é que isso me deixa no contexto de toda esta questão?".
    Tanto quanto eu sei "falhou" a sua participação na guerra por razões que lhe foram alheias e não por ter fugido como o fizeram alguns figurões... Mas isso não o livra de se sentir tão frustado e prejudicado como os outros que nela participaram, pois também está a sofrer as consequências de uma crise para a qual não contribuiu.
    Abraço

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  3. Pois é, amigo. Frustado e prejudicado sinto-me
    e nada pouco. Mas o que pergunto é: será que, sendo da tal "geração de 60", terei eu alguma culpa desta situação?
    E olhe que a pergunta não é estulta...
    J. Cascão

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  4. Claro que não tem culpa nenhuma e isso está implícito na minha 1ª resposta. Mas repare o termo geração 60 refere-se mais a uma situação genérica ou endémica, se preferir. Que culpa tiveram as gerações anteriores que estiveram na 1ª grande guerra? O problema reside naqueles que sempre cobiçaram o poder ao ditador e depois não souberam o que fazer com ele. É a esse aspecto que HM também se quer referir e, convenhamos, com alguma razão. Apesar de tudo o País evoluiu alguma coisa. Pode ser...que entre mortos e feridos alguém acabe por escapar.
    Abraço.

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