segunda-feira, 15 de agosto de 2011
Lagos e o Infante D. Henrique
Mais uma vez de férias em Lagos, vejo menos gente, a vida mais cara, as instituições com défice de objectivos para que foram criadas e menos corteses.
As pessoas estão diferentes, mais pessimistas contam os tostões e fazem contas à vida.
Sobra mês no fim do dinheiro, cada vez mais…
Um dia destes, passei junto à estátua do Infante D. Henrique que perscrutava o horizonte com o seu olhar penetrante, diferente do habitual…
Algo preocupava o insigne navegador de olhar fixo no mar como que procurando o promontório de Sagres, ali perto, onde teve início a odisseia dos descobrimentos.
E, ao olhar, interrogativamente, a Sua figura, aconteceu o seguinte diálogo:
D. Henrique - Mais uma vez por aqui, cidadão?
Cidadão – Sim, mais uma vez; gosto muito do que aqui fez, eis a razão!...
Mas, Excelência, está de rosto assombrado… o que se terá passado?
Algo está a correr mal?
D. Henrique – Estou preocupado com Portugal…com o poder e a sacanagem que só pratica a pilhagem.
Tinha um projecto profundo que deu “novos mundos ao Mundo” e muitas riquezas criou mas, tudo o vento levou.
Cidadão – Pois, terras, jóias e oiros, grandes tesoiros; sem nada ficou a Nação e, assim, da mesma maneira, lá na Madeira, saca o que pode o João!...
Excelência: acha que valeu a pena?
D. Henrique – Dei início à globalização, ao liberalismo é que não: hoje, pouco vale a pena, com alma tão pequena…
E, num tom de pessimismo
O Infante, desiludido, rematou:
Portugal está perdido,
com tanto liberalismo:
Nunca tanta gente roubou!...
Sonho ou realidade, este breve diálogo, com o Infante D. Henrique, traduz as primeiras impressões desta terra do barlavento Algarvio, conquistadada aos mouros de onde, em tempos recuados, partimos, dilatando Portugal, por mares "nunca dantes navegados".
Nota:
Inspirado na canção intitulada “Os Corsários” do coral, Cantigas de Tavarede
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