segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Os Condes de Abranhos andam por aí!...

 "Ordinariamente todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o Estadista. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?"

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" Hoje que tanto se fala em crise, quem não vê que, por toda a Europa, uma crise financeira está minando as nacionalidades? É disso que há-de vir a dissolução. Quando os meios faltarem e um dia se perderem as fortunas nacionais, o regime estabelecido cairá para deixar o campo livre ao novo mundo económico"
-Eça de Queiroz in "O distrito de Évora" (1867)

É quase um lugar comum citar Eça de Queiroz. Mas, nunca é demais falar de um dos maiores escritores portugueses, por razões óbvias.

Eça de Queiroz retratou muito bem os políticos do seu tempo que eram pouco diferentes dos de hoje. Eça, quase que profetizou a actual situação do País. E se ficarmos por aqui vai ser uma sorte…
Ele sabia muito bem de que massa é feita a maioria dos nossos políticos. Idealizou a figura do Conde Alípio de Abranhos (personagem política medíocre) para satirizar os governantes de então, que tinham do país uma visão limitada pelos seus próprios interesses pessoais e de camarilha. Pior do que isso, hoje, defendem-se interesses alheios…

Quase todos os partidos têm o seu Conde de Abranhos. Não nos admiremos, pois, que os portugueses desconfiem cada vez mais dos actuais Abranhos do poder. Eles andam por aí em todo o lado (até na blogosfera) assessorados pelos seus secretários Zagalos, cuja missão pode não ser, também, tão transparente como parece…

1 comentário:

  1. Quando digo maioria, não quero dizer que sejam todos; felizmente ainda existem algumas excepções.

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