sexta-feira, 1 de abril de 2011

"Conversas do Casino"



O sociólogo, António Barreto, foi ontem o convidado do programa em título, efectuado no salão de festas do Casino, tendo respondido a várias questões colocadas pela jornalista Fátima Campos Ferreira.
Perante uma atenta e numerosa audiência o ex-governante do PS (ministro da agricultura) dissertou sobre vários temas da actualidade política nacional, dos quais destacamos as seguintes:
"-O país não tem grandes condições para a agricultura a começar pelos solos pobres e pelo próprio clima que não é favorável. O minifúndio e o emparcelamento não resultaram. O cultivo do trigo no Alentejo, por exemplo, era dos mais caros da Europa. Mas com a nossa entrada na CEE o problema agravou-se. Deve-se apostar mais no cultivo de frutas e outras culturas onde os solos sejam mais propícios para não ficarmos completamente dependentes do exterior como já somos.
-A floresta é um caso à parte e constitui uma riqueza. Deve ter sido em conta o seu maior desenvolvimento nomeadamente com plantação do sobreiro e do pinheiro e a reflorestação de outras espécies que estão a desaparecer provocados pelos incêndios e pragas que as desvastam.
-Na questão do mar avançou-se demais com o abate dos barcos de pesca o que, com as as cotas da captura de pescado impostas pela EU, quase desmantelou o sector e nos tornou também quase dependentes, numa área em que tradicionalmente sempre fomos bons.
-Reconheceu que grande parte dos fundos estruturais que recebemos da EU não foram bem aplicados ou tiveram destinos ainda não muito bem esclarecidos. Mas, neste particular ficou-nos a ideia de que A. Barreto não disse tudo o que sabia.
-Na área da política sustentou que o PR devia ser menos espectador e ter uma intervenção mais activa nos assuntos do país e criticou também os políticos e governantes, por se preocuparem mais com os seus partidos e menos com a crise que nos afecta. Frisou que não deixa de ser sintomático não falarem sequer uns com os outros, numa altura em que todos deveriam unir-se, trocar ideias e conjugar esforços para salvar o país da grave crise em que se encontra.
Mais disse que na AR os deputados actuam em função da disciplina partidária; que têm medo e que votam muitas vezes contra as suas próprias convicções.
À pergunta de Fátima Campos se não se importava de fazer parte de um governo constituído por um grupo de “homens bons” para salvar Portugal dessa mesma crise, António Barreto respondeu que a sua participação na política foi uma página que se virou de vez na sua vida e que vai limitar-se à sua participação cívica como qualquer outro cidadão."


Na nossa modesta perspectiva a nova política agrícola (PAC) com a nossa adesão à CEE, só nos prejudicou. Os terrenos são pobres e precisam de novas tecnologias para serem rentabilizados. Mas sem capacidade financeira as explorações que ainda existem deixam de ser competitivas e vão à falência.
A outros níveis do sector primário tais como a pecuária e a produção de leite os produtores queixam-se de terem prejuízos. Os interesses das pescas não foram devidamente salvaguardados. Estamos reduzidos à existência de um sector secundário também ele em crise. Assim não há PIDAC’s que nos salvem. Não se sabe qual vai ser o nosso futuro, tanto mais que das novas eleições não está garantido que saia um governo maioritário que permita a tão almejada estabilidade o que augura a continuação de um quadro partidário na AR idêntico ao de hoje e a garantia da doença irreversível e sistémica de que sofrem alguns políticos, desde o 25 de Abril, que a transmitem ao País com todas as consequências negativas.
Segundo dados de 2009 a nossa dívida externa era de 108,6 do PIB ou melhor o Banco de Portugal, no seu Boletim de Setembro de 2009, refere que a Dívida Externa Líquida é de 134.327 milhões de euros. Além dos mais, parece não haver a certeza de se poder pagar os juros da dívida que já se vencem neste mês de Abril.


Alguns espectadores puseram várias perguntas ao distinto orador. Mas a que faltou fazer foi se, não se relançar a economia; se não se conseguir criar riqueza para pagar aos credores; se não se mudar drasticamente de rumo,  qual vai ser o destino de Portugal. A resposta talvez fosse: o caos. Mas não estamos certos que o  dissesse, dada a contenção que nos pareceu fazer para não ser demasiado pessimista e por acreditar ainda no País que somos.
(Clicar na foto para zoom)

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