sábado, 22 de fevereiro de 2014

Portugal mal amado na Europa



(...) "O país balança entre um "papel" na Europa, que não encontrou, e um "papel" em Angola, no Brasil ou numa selva qualquer da África ou da Ásia, que manifestamente o excede. De qualquer maneira, como lamentava Eça, nesta apregoada época de "globalização", Portugal está desempregado. Ninguém precisa dele e ele precisa urgentemente de sair da sua velha irrelevância"...
-VPV in Público de hoje.

Vasco Pulido Valente é um bom cronista, mas também é um pessimista compulsivo (provavelmente com a melhor das intenções) e quase que não acredita no valor e na capacidade de um povo com quase mil anos de história. Na sua crónica de hoje afirma que Portugal tem de "sair da sua velha irrelevância"... Mas esquece-se que foi com os portugueses e com Portugal que o mundo começou a mudar e que a "irrelevância" que lhe atribui, não corresponde à verdade. É a história que o diz, aliás, corroborada no livro, A Primeira Alkdeia Global da autoria do escritor inglês, Martin Page, cujo texto introdutório se segue:

"Foi nos territórios da antiga Lusitana que é agora Portugal, que Aníbal encontrou os guerreiros, as armas e o ouro que tornaram possível a sua marcha sobre Roma; e Júlio César a fortuna que lhe permitiu as conquistas da Gália e da Inglaterra. Durante a Alta Idade Média, mais a norte, os governantes árabes integraram Portugal na civilização mais avançada do mundo. Após a conquista de Lisboa, pelos Normandos, o novo Portugal levou Veneza à bancarrota e tornou-se a Nação mais rica da Europa.
Antes de ser eleito Papa, com o nome de João XXI, Pedro Hispano, nascido em Lisboa, escreveu um dos primeiros compêndios modernos sobre medicina que, um século mais tarde, era livro de consulta obrigatória em quase toda a Europa. Os Portugueses levaram as túlipas, os chocolates e os diamantes para a Holanda, introduziram, na Inglaterra, o hábito do chá das cinco e deram a Bombaim a chave do Império. Ensinaram a África a proteger-se contra a malária e levaram carregamentos de escravos para a América. Introduziram, na India, o ensino superior, o caril e as chamuças e, no Japão, a têmpera e as armas de fogo."
"Martin Page apresenta-nos uma nova perspectiva sobre um país fascinante e The First Global Village é uma narrativa deslumbrante", no entender do Financial Times.

Este é que é o Portugal que eu admiro e que será sempre o meu País, pese embora os fracos governantes de hoje que "fazem fraca a forte gente" e os maus ventos da história que continuam a soprar desfavoravelmente. Podemos estar decadentes, mas outros países da Europa também o estão e imitaram-nos mais a nós do que nós a eles. E aqui VPV não tem razão.
Numa coisa ele está certo: Portugal, "procura um lugar na Europa", quanto a nós de pleno direito, acabado que está o velho ciclo do Império, mas esta está a tramar-nos.
Mas isso não constitui nenhuma novidade, porque só fomos grandes quando virámos as costas à velha Europa, prenhe de lutas e de invejas.


 Nota: "A decadência:
o paradoxo da imitação," é o título original de VPV.






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