terça-feira, 16 de maio de 2017

Fé e Revolução


O Papa Francisco esteve em Fátima e viu-se bem que tem uma postura diferente dos seus antecessores. Tem carisma, gosta de contactar com o povo e tem demonstrado vontade de mudança. Tenta renovar a Igreja naquilo que esta tem de menos bom. A questão é, se essa vontade vai continuar, se os seus pares ou a Santa Sé de Roma o vão permitir, e se não vai ganhar mais inimigos do que aqueles que já tem. A Igreja para voltar aos primórdios da doutrina de Cristo: "vinde a mim todos os cansados e oprimidos e eu vos aliviarei", tem de rever em primeiro lugar o seu entrosamento com o capital. Francisco percebeu esta situação abjecta e caminha no sentido de a clarificar quando alterou a administração financeira da Santa Sé e quando diz: "o desemprego é o resultado de um sistema económico que tem no seu centro um "Deus" falso chamado dinheiro". Tenta renovar ainda Igreja quando insiste que os crimes sexuais do clero devem ser condenados; quando se aproxima dos deserdados da sorte e defende os que são vítimas de qualquer forma de exclusão. Quer mudar a Igreja quando insiste no diálogo ecuménico com todos os credos cristãos.
Francisco veio à Cova da Iria "empurrado" por circunstâncias que ele sozinho, não podia ultrapassar. Fátima é o que é, mas quem acredita em Deus e quer encontrá-lo, não precisa de outros intermediários: "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.” João 14:6.
Talvez seja fantasioso ou ingénuo dizer que o actual detentor da cadeira de S. Pedro, está a ensaiar uma revolução no seio da Igreja, porque os seus mentores têm demonstrado, quase sempre, ser avessos a mudanças, por razões que só eles conhecem e quiçá pouco cristãs. Mas a face do mundo pode mudar se tal revolução acontecer e o desejo ecuménico de Francisco for por diante. A fé e a força de um Cristianismo renovado podem ser, de facto, o único meio que permita aos homens de boa-vontade oporem-se às forças do mal que, por ambição, não se preocupam com a dignificação do homem, nem com a destruição da humanidade.

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