quinta-feira, 5 de março de 2009

Mudam-se os Tempos, não as Vontades!


Há situações que nos "cortam o coração" e que não podemos deixar em branco.


A fotografia acima extraída do blogue, Ma Ke Jeto Mosso, faz-nos pensar e dá uma ideia dos tempos difíceis que estamos a viver . Assim, compulsado por esta cena, voltei novamente ao baú das minhas recordações e ao tempo em que pensava, como tantos outros da minha geração, que podíamos mudar o Mundo.

Mas estará o Mundo a mudar?A actual crise provocada (há quem diga deliberadamente) pelas políticas neo-liberais, cujo ónus é pago pela população de mais fracos recursos, diz-nos que sim, mas para pior. Todos nos queixamos e os escândalos da banca e dos políticos são mais que muitos.

Do tal baú, coscuvilhei um artigo intemporal, dado à estampa no extinto semanário, Linha do Oeste, em 23 de Setembro de 1999, a que dei o título de "Fraternidade e Solidariedade" do qual extraio parte. Diz o seguinte:

-É suposto que os políticos devem primar pela compostura, cristanilidade nos actos e moderação nos discursos. A sua conduta e responsabilidade são tanto maiores, quanto mais elevados são os órgãos do poder que representam. O Povo, aparentemente alheado, às vezes, da coisa pública, segue a par e passo, todos os seus gestos, o seu trabalho, os seus deslizes e também a sua capacidade de lhe impingir "gato por lebre". O Zé Povinho encara com bonomia certos disparates dos seus governantes, mas há outros que dificilmente perdoa por tão indignos que são.Hoje os governantes que não sentirem a cada momento o palpitar da alma do Povo, que não sentirem as suas necessidades, que não souberem exercer com dignidade os altos cargos que ocupam, arriscam-se a perder o seu respeito e confiança e as eleições no dia seguinte...


Comungando das mesmas preocupações, deparei ontem, com um excelente artigo de opinião no DC, da autoria do Professor Manuel Miranda, cuja leitura integral recomendo, sobre a situação económica/financeira que hoje avassala o País, do qual, com a devida vénia, me permito transcrever a última parte. Diz o articulista: -"...Há excesso de ganância e uma pungente falta de ética. O bem comum cedeu ao lugar do interesse de pequenos grupos. O mundo dos capitalistas está a reduzir à pobreza populações inteiras. E entre os senhores do dinheiro há guerras tremendas pela posse do que resta.Estão a pedir "rua", revolta do mundo empobrecido.E para rematar: "Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar bens caros, casa e tecnologia, fazendo-a dever cada vez mais, até que se torne insuportável...o débito não pago levará os bancos à falência, que terão de ser nacionalizados pelo Estado". Isto foi escrito por Karl Marx em 1867. Grande profeta!...Enterrado pela modernidades de muitos comentadores, pela "elite económica e política" que há anos governa o mundo..."

Mais palavras para quê?


Cabe aqui dizer que embora não seja objectivo primordial deste blogue, Limonete, falar sobre política e afins, esta abordagem torna-se imperativa, porque, como se refere no preâmbulo deste post.: Há situações que nos cortam o coração e que não podemos deixar em branco.

2 comentários:

  1. Caro Amigo Fadigas:
    Acabo de ler o seu último "post" e, embora também não seja um dos meus objectivos o falar sobre política, devo deixar aqui a minha total concordância com o que li. Parabens, pois acho que, DISTO, todos devemos falar...
    Até segunda!

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  2. Caro João Cascão,
    Agradeço-lhe o seu comentário pois sei que é sentido. É verdade que continuamos a viver num Mundo em que os tempos mudam, mas não muda a intenção de explorar os mais desfavorecidos.
    Valha-noa ao menos o Chá de Limonete para aquecer os estômagos mais deprimidos.
    Um abraço e até segunda.

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