(Foto extraída do blogue "Viagens pelo Oeste")
Catalina Pestana publicou um artigo de opinião no SOL do dia 20 com o título: "já vi este filme".
Faz a analogia entre o processo Casa Pia e o recente "Face Oculta".
Não sendo prático transcrever todo o texto (cuja leitura integral recomendo) e porque não me foi possível fazer um link do mesmo no post anterior, aqui estão alguns dos parágrafos mais elucidativos da articulista, com a devida vénia ao SOL:
....................................................................................................................................
"Quando um ou dois tentáculos do polvo Casa Pia emergiram do pântano e surgiram à luz do dia, respeitáveis cidadãos, peritos na representação simbólica do calimero, vieram a terreiro dizer que se tratava de uma cabala contra o partido e a respectiva direcção política.
No dia em que um desses dirigentes foi libertado de um período de prisão preventiva, por fortes indícios de abuso sexual de menores, foi recebido em ombros na Assembleia da República, como se fosse o último prisioneiro do Tarrafal...
.................................................................................................................................
Agora sem nos dar tempo para nos recompormos da imagem de impotência e de incompetência que as instituições estatais nos deixaram depois deste e de outros processos semelhantes, cai-nos no prato a "Face Oculta".
Os senhores do poder tinham mudado à pressa os códigos penais, tinham-nos fabricado rigorosamente à sua medida e à dos seus pares.
Quanto mais importante, mais impune - é o que dizem em linguagem jurídica alguns parágrafos.
Os partidos que alternam no exercício do poder a que chamam democrático puseram-se de acordo para que as malhas das suas leis fossem tão elásticas que por elas coubesse - quando bem esticadas por habilidosos peritos - todo o peixe graúdo, fosse de que cor fosse.
Dizem entre si: "Nós, a classe dirigente, temos que nos proteger desta arraia miúda de juizes e procuradores que pensam que fazem parte do poder".
Esquecem-se que o poder em democracia é teoricamente tripartido: legislativo executivo e judicial.
Esquecem-se de como muitos deles se revoltaram, no segredo das reuniões quase secretas, contra a promiscuidade entre o Estado Novo e os Tribunais Plenários.
Esquecem-se de que muitos lutaram, e alguns morreram, para que a Justiça fosse igual para todos.
A falta de originalidade é confrangedora. Desgastada que está a tese da "cabala", surge a da espionagem política".
Já só leio os títulos dos jornais mais por vício do que por interesse.
É que eu já vi este filme, já fiz mesmo de figurante nele.
Já sei o fim - e o fim não tem interesse nenhum."
Catalina Pestana publicou um artigo de opinião no SOL do dia 20 com o título: "já vi este filme".
Faz a analogia entre o processo Casa Pia e o recente "Face Oculta".
Não sendo prático transcrever todo o texto (cuja leitura integral recomendo) e porque não me foi possível fazer um link do mesmo no post anterior, aqui estão alguns dos parágrafos mais elucidativos da articulista, com a devida vénia ao SOL:
....................................................................................................................................
"Quando um ou dois tentáculos do polvo Casa Pia emergiram do pântano e surgiram à luz do dia, respeitáveis cidadãos, peritos na representação simbólica do calimero, vieram a terreiro dizer que se tratava de uma cabala contra o partido e a respectiva direcção política.
No dia em que um desses dirigentes foi libertado de um período de prisão preventiva, por fortes indícios de abuso sexual de menores, foi recebido em ombros na Assembleia da República, como se fosse o último prisioneiro do Tarrafal...
.................................................................................................................................
Agora sem nos dar tempo para nos recompormos da imagem de impotência e de incompetência que as instituições estatais nos deixaram depois deste e de outros processos semelhantes, cai-nos no prato a "Face Oculta".
Os senhores do poder tinham mudado à pressa os códigos penais, tinham-nos fabricado rigorosamente à sua medida e à dos seus pares.
Quanto mais importante, mais impune - é o que dizem em linguagem jurídica alguns parágrafos.
Os partidos que alternam no exercício do poder a que chamam democrático puseram-se de acordo para que as malhas das suas leis fossem tão elásticas que por elas coubesse - quando bem esticadas por habilidosos peritos - todo o peixe graúdo, fosse de que cor fosse.
Dizem entre si: "Nós, a classe dirigente, temos que nos proteger desta arraia miúda de juizes e procuradores que pensam que fazem parte do poder".
Esquecem-se que o poder em democracia é teoricamente tripartido: legislativo executivo e judicial.
Esquecem-se de como muitos deles se revoltaram, no segredo das reuniões quase secretas, contra a promiscuidade entre o Estado Novo e os Tribunais Plenários.
Esquecem-se de que muitos lutaram, e alguns morreram, para que a Justiça fosse igual para todos.
A falta de originalidade é confrangedora. Desgastada que está a tese da "cabala", surge a da espionagem política".
Já só leio os títulos dos jornais mais por vício do que por interesse.
É que eu já vi este filme, já fiz mesmo de figurante nele.
Já sei o fim - e o fim não tem interesse nenhum."
Sem comentários:
Enviar um comentário
Os comentários serão publicados após análise do autor do blogue.