domingo, 17 de maio de 2009

É hora de saltar da panela




Uma fábula que funciona como metáfora da existência humana. Um convite à reflexão profunda sobre os rumos do mundo actual, à nossa quase indiferença e acomodação perante os sinais que nos são transmitidos pelas forças que são poder e têm a legitimidade de agir, legislar edecidir, por voto da vontade de um povo que assim decidiu.

Da alegoria da Caverna de Platão a Matrix, passandopelas Fábulas de La Fontaine, a linguagem simbólica é um meio privilegiado para transportar à reflexão e retirar alguns ensinamentos.

O escritor e filósofo Olivier Clerc, na breve história que constitui o corpo deste post, através da metáfora, põe em evidência as graves consequências da não consciência da mudança que infecta o nosso quotidiano, no rumo da nossa economia, da Justiça, do Trabalho, da Saúde, da educação, de todos os pilares que suportam um verdadeiro Estado de Direito, de uma democracia justa e igualitária para todos.

Uma fábula que nos convida a reagir à paralisia
inconsciente que nos afecta, no presente das nossas vidas, sob risco de cairmos no destino
da rã que é a protagonista desta história:
“Imagine uma panela cheia de água fria, na qual nada,tranquilamente, uma pequena rã.Um pequeno fogo é aceso debaixo da panela, e a água aquece muito lentamente.Pouco a pouco, a água fica morna, e a rã, achando
isso bastante agradável, continua a nadar. A temperatura da água continua subindo...Agora a água está quente, mais do que a rã pode apreciar; ela se sente um pouco cansada, mas, não obstante isso, não se amedronta.
Agora, a água está realmente quente, e a rã começa a achar desagradável, mas está muito debilitada; então, suporta e não faz nada. A temperatura continua a subir, até quando a rã acaba simplesmente cozida e morta.
Se a mesma rã tivesse sido lançada directamente na águaa 50 graus, com um golpe de pernas ela teria pulado
imediatamente para fora da panela.”
Isto mostra que, quando uma mudança acontece , na maior parte dos casos, não há reacção alguma,oposição alguma, ou, alguma revolta.
Se nós olharmos para o que tem acontecido em nossa sociedade desde há alguns anos, podemos ver que nós estamos sofrendo uma lenta mudança no modo de viver, para a qual nós estamos nos acostumando.Uma quantidade de coisas que nos teriam feito horrorizar 20, 30 anos atrás, foram pouco a pouco banalizadas e, hoje, apenas incomodam ou deixam completamente indiferente a maior parte das pessoas.

Em nome do progresso, da ciência e do lucro, emerge por vezes, a ganância, a corrupção, e a incompetência, que provocam ataques contínuos às liberdades individuais, dignidade, à integridade da natureza, à beleza e à alegria de viver; efectuados lentamente, mas inexoravelmente, com a constante cumplicidade das vítimas, desavisadas e, agora, incapazes de se defenderem.

As previsões para nosso futuro, em vez de despertar reacções e medidas preventivas, não fazem outra coisa anão ser a de preparar psicologicamente as pessoas aaceitarem algumas condições de vida decadentes, aliás,dramáticas.
O martelar contínuo de informações, pelos mídia, satura os cérebros, que não podem mais distinguir as coisas... Não podemos esperar pelo amanhã.É hora de optarmos por uma decisão. Precisamos de escolher entre consciência ou cozido!!!! Se já não estamos, como a rã, meio cozidos e quase moribundos, é momento para darmos um saudável golpe de pernas, pular fora desta panela em ebulição, antes que seja tarde de mais.
Do blogue: Jota

3 comentários:

  1. Acho extremamente oportuna esta sua intervenção, meu amigo. Mas, para além do aviso que contem, é necessário acautelar a RÃ da Fábula, para que salte suficientemente longe para não cair na fogueira...
    Lembrar a frase que diz, mais ou menos, "não saltar da frigideira para o lume"...
    Um abraço !...

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  2. Caro amigo Cascão
    Esta fábula já era conhecida mas continua actual. Por isso a extraí, com a devida vénia, do blogue: Jota.
    A ideia é levar as pessoas a reflectir no que se passa à sua volta. De qualquer modo o seu aviso é pertinente. Mas, parece-me que se não cairem nas chamas podem, eventualmente, cair nas brasas e, aí, só os faquires se safam!...

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  3. A rã ainda poderia saltar, agora essse desgraçado que está amarrado pelas circunstâncias, dentro do caldeirão,tal como a maioria do povo, só tem uma hipótese: com um acto de coragem ou de desespero,virar aquele e assim a água talvez apague o fogo de alguns antropófagos políticos que nos comem todos os dias

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