sexta-feira, 24 de abril de 2015
Da Esperança da Revolução dos Cravos
"Na madrugada de 25 Abril de 1974, forças militares ocuparam pontos estratégicos em Lisboa e derrubaram a ditadura do Estado Novo, implantada também por militares em 1926."
Por ironia os militares de 1926 entenderam, quiçá com boas intenções, mas erradamente, que o povo não precisava de liberdade nem de sufragar o seu destino. Foram, pode dizer-se, um dos sustentáculo da ditadura durante mais de 40 anos. Todavia, foram também os militares, num gesto heróico e com risco da própria vida, 48 anos mais tarde, que decidiram pôr fim ao regime ditatorial de Salazar. Certamente que o fizeram de boa fé, decididos que estavam de dar voz ao povo e acabar com a guerra de África que sacrificou a juventude portuguesa durante 13 anos e cujo termo não se vislumbrava por incapacidade e autismo dos políticos de então. Mas dos militares de hoje, tal como os de ontem, podemos dizer, com mágoa, que também erraram. Não pela gesta de Abril, mas por terem entregue o poder demasiado cedo a alguns políticos que não o mereciam: uns porque nos quiseram impor regimes alheios, outros porque se têm aproveitado dele, vergonhosamente, para fins iníquos e mediatos. A prova disso é a situação em que o País se encontra.
Fernando Pessoa disse: "Cumpriu-se o mar e o Império se desfez. Senhor, falta cumprir-se Portugal ".
Da esperança da Revolução dos Cravos que falta cumprir, podemos dizer hoje, tão somente e por enquanto, tal como Sofia de Mello Breyner:
"Esta é a madrugada que eu esperava.
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos
a substância do tempo."
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