quarta-feira, 18 de abril de 2012

O ribeiro e os pepinos

Hoje reparei que o ribeiro de Tavarede leva mais água do que costuma.
A chuva que não veio no Inverno (em Abril águas mil) engrossa o leito que em tempos recuados já foi navegável. Ainda me lembro de jogar futebol nos meus tempos de rapaz, com uma bola de trapos nas antigas e, já na altura, desactivadas salinas de Tavarede de onde saía com os calções e camisa todos ensalitrados e da cor do barro.
Chegado a casa e sem hipótese de esconder o “delito” era certo que levava nas ventas. Era depois, nas suas águas ainda cristalinas, que a roupa seria lavada a pulso e com algum sabão. O ribeiro servia muitas vezes de lavadouro público durante o ano e de balneário no Verão aos mais novos que não perdiam a oportunidade de se refrescarem com tudo ao léu, fazendo nudismo improvisado que até as elites daquele tempo se coibiam ainda de fazer.
Era nessa época que pelo ribeiro acima íamos muitas vezes degustar, em alegres e furtivos “golpes de mão”, pepinos nas hortas dos vizinhos que descascávamos com uma naifa e comíamos de seguida com o respectivo sal que levávamos avisadamente nos bolsos. Às vezes éramos observados e, repreendidos... mas nunca nos fizeram mal. Tirava-se o necessário; nada era estragado…

Com a idade perderam-se os "maus" hábitos. Cada um dos do grupo fez pela vida e subiu a pulso honradamente.
Agora já não há pepinos como naquele tempo. Os políticos comeram-nos todos…e nem precisam de sal para temperar a gula!...

Éramos cerca de meia dúzia, mas estávamos “avançados” no tempo…




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