Ao repassar o texto da Ceia dos Cardeais do escritor e dramaturgo Júlio Dantas, dei-me conta de como está diferente, nos dias de hoje, o "amor em Portugal", cuja peça foi representada pela primeira vez no teatro D. Amélia em 24 de Março de 1902.
À pergunta do Cardeal Rufo: em que pensa Cardeal?
CARDEAL GONZAGA, como quem acorda, os olhos cheios de brilho, a expressão transfigurada:
"Em como é diferente o amor em Portugal!
Nem a frase subtil, nem o duelo sangrento... é o amor coração, é o amor sentimento. Uma lágrima... Um beijo... Uns sinos a tocar... Um parzinho que ajoelha e que vai se casar..."
Sim, está diferente hoje e pouco tem a ver com a ideia lírica e romântica do tempo do Cardeal Gonzaga, mas continua a haver amor e amores contrariados, tal como este, respigado de alfarrábios pessoais antigos:
Gosto de Ti meu amor
Tú és tudo para mim:
Tú não vês que é grande a dor
de sentir-te o desamor
e não deves ser assim?!....
Tenho saudades de Ti
do teu corpo majestoso,
dos dias em que senti
o Teu seio generoso.
Diz-me só, que já estás farta
de mim, das minhas ideias.
Escreve ao menos uma carta
a dizer que sou "tarata,"
que amas outro que me odeias...
Diz que não me queres ver
ou conta-me os teus desejos:
-se tal carta receber,
juro-te que antes de a ler
irei cobri-la de beijos...
Dizia o Cardeal Rufo:"a conquista era tudo, o resto, quase nada"...
Eu diria: a conquista não é tudo e mais sublime é amar, mesmo sem ser amado!...
A foto do presente post retrata uma cena do drama "A Ceia dos Cardeais", interpretada pelos alunos do 9º ano da Escola Miguel Torga de Massamá.
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