terça-feira, 2 de março de 2010

"Era uma vez um menino"


Era uma vez um menino que nasceu há muitos anos em Abril.
De famílias pobres, obviamente, nasceu pobre. Mas, teve sempre uma estrela que o guiou pela vida fora. Uma estrela que representa a sua fé que, simbolicamente, está na sua cabecita, na fotografia, vestido de S. João, santo padroeiro da sua terra natal: Figueira da Foz.
Hoje, adulto, ao relembrar toda a sua vida, em que as dificuldades foram muitas, mas em que a vontade de as vencer foi suficiente para as ultrapassar, concluiu que valeu a pena ter vivido todos estes anos, apesar de algumas nuvens ameaçadoras que se adensam no horizonte do país que o viu nascer.
Quase no fim da jornada, não aferrolhou tesouros. O seu maior tesouro é a família que tem e da qual se orgulha.

Procurou cultivar amizades e, assim, angariou alguns amigos, não tantos como desejaria, é certo, mas que muito considera e dos quais tem procurado não desmerecer a sua confiança. Nem sempre lhe foi fácil conseguir tão elevado objectivo, mas foi sempre compensador porque lá diz o povo: “viver sem amigos, não é viver”…
Passou, como tantos outros, por circunstâncias extraordinárias. Uma delas foi ter servido a sua Pátria em terras de África, como aconteceu quase com a maioria dos seus concidadãos do seu tempo. Hoje, ao fazer uma análise do passado, do sacrifício que a todos foi pedido e ao constatar a situação em que se encontra o seu país, sente um profundo desencanto por saber que nunca tantos foram enganados por tão poucos.

Todavia, a esperança e a luta por uma vida melhor continua. Ontem, de armas em punho, pretendendo dar tempo ao poder politico de então, para acabar com uma guerra que ninguém desejava, mas que provocou as dores de parto que deram origem ao nascimento de Abril. Hoje, com uma voz na blogosfera, modesto contributo, embora, procurando acompanhar, tantas outras, no combate ao pântano dos interesses e conveniências que amortalham a decência e estão a pôr em perigo a viabilidade, se não mesmo a existência do próprio País.

Apesar de tudo, o menino de ontem, já maduro e de cabelos brancos, confia que se arrepie caminho. Confia que as vozes, que clamam no deserto da indiferença, acabem por ser ouvidas, para não ser preciso fazer outro Abril que renove uma esperança que continua adiada...

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