terça-feira, 30 de março de 2010

O fim da Fábula Socrática



OPINIÃO


Pelo que se depreende dos media, nos bastidores da política, já se ensaia o fim do consulado socrático. João Cravinho diz que “o PS está numa deriva à direita” e que Paulo Portas “está a dar lições de esquerda ao 1º Ministro.” Considera ainda que sendo o PEC essencial para atingir o objectivo da consolidação das finanças públicas quem deveria pagar é quem pode mais.”

Como já aqui referi, não questiono se o PEC é ou não necessário, mas ponho em causa que sejam precisamente aqueles que menos ganham, as vítimas da gula e do desvario capitalista que pretende branquear políticas e fraudes caseiras, com a tão apregoada crise mundial. O antigo monstro, agora travestido de PEC, continua de fauces escancaradas a engolir a classe média. E porque a dieta é também para o pé descalço, o monstro vai continuar na engorda com os restos dos trabalhadores, com a míngua generalizada das prestações sociais, da saúde, com obrigação daqueles terem de aceitar emprego com remunerações inferiores às habituais. Os 150 mil empregos prometidos no início do seu consulado, foram o início da fábula de Sócrates. A taxa de desemprego que estava em cerca de 6,5%, excede hoje os 10% e isto, por si só, é mais do que sintomático.

Com o Pacto de Estabilidade e Crescimento, que em boa verdade deveria ser chamado de encolhimento, porque de crescimento nada tem, a crise vai continuar e mesmo agudizar-se com o aval dos partidos responsáveis por ela, com início marcado e sem fim à vista. E nem a promessa do perdão para quem fizer regressar dos offshore a riqueza subtraída ao País, alegra, nem convence ninguém. Nem sequer os prevaricadores...

Cientes da situação, emergem algumas figuras socialistas que põem em causa a actual política desastrosa de governo, procurando candidaturas alternativas a José Sócrates acossados agora, obviamente, pela imagem do novo líder do PSD. Entre eles avultam, entre outros, Alfredo Barroso, João Cravinho, António José Seguro, Vera Jardim, Ana Gomes e o próprio presidente da AR, Jaime Gama que, segundo se consta, “crê que este Governo não conseguirá aguentar o mandato até ao fim”.

Nos bastidores, e não só, como o têm dito já publicamente, reconhecem que a fábula Socrática não passa disso mesmo: uma fábula. Quanto ao fim do seu mandato isso fia bem mais fino, porque alguns soaristas de peso ainda não se pronunciaram. Quando o fizerem, Sócrates será certamente apeado. Por isso não se percebe bem o apoio do grande mentor socialista ao actual 1º Ministro a não ser porque tem alguns “esqueletos” no armário...

Há quem diga que um deles é o socialismo “tout court”, invenção pragmática do socialismo na gaveta de que o governo actual é um péssimo exemplo, mais que estafado!...

1 comentário:

  1. O título deste post poderia ter sido "O fim do Socratismo"(forma espúria de socialismo); só que o socratismo continua, enquanto alguém tiver interesse nisso. Porém, o fim da fábula ou do mito Socrático, já não deixa dúvidas a ninguém, sobretudo àqueles para quem o socialimo democrático, ainda representa alguma coisa.

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