segunda-feira, 10 de maio de 2010

O Comboio da União Europeia


"O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, admitiu esta madrugada em Bruxelas a possibilidade de aumentar impostos, depois de se ter comprometido com os seus parceiros a europeus a reduzir o défice para 5,1% do PIB até ao fim de 2011."

Se dúvidas ainda haviam de quem manda em Portugal, a recentes declarações do ministro das finanças, pressionado pelos seus pares europeus, dissiparam-nas por completo, ao prever nova subida de impostos ao contrário do que ele próprio e José Sócrates afirmaram tantas vezes aos portugueses. Os governantes na realidade são, há muito tempo, simples mandatários das decisões tomadas pela UE, via Bruxelas.

O cerco aperta-se por interesses do exterior, é certo, mas principalmente por motivos internos em que avultam a falta de visão e capacidade de quem governa o País o que nos revolta ainda mais.

Os mercados financeiros, numa lógica implacável do sistema capitalista, consideram "Portugal o 2º elo mais fraco da Zona Euro". O 1º é a Grécia, de quem a srª. Merkel já disse ter sido um erro entrar no euro, seguindo-se a Itália, Espanha e Irlanda. Os tempos que se avizinham vão ser muito difíceis e o sonho da UE está a tornar-se num pesadelo para a maioria dos portugueses.

Deixámos de estar "orgulhosamente sós", o que era mau, mas seguimos tristemente acompanhados, sem soberania, sem cheta e quiçá sem vergonha, a caminho de um futuro incerto no comboio dos ricos, mas viajando na III classe, para a qual não comprámos bilhete, reservada aos PIGS (porcos), como já apelidam, pejorativamente os media ingleses, os países mais pequenos da UE.


O combóio chegará ao fim? Talvez. Mas muita gente vai ficar trucidada pelo caminho!...




1 comentário:

  1. Assim que publiquei este post, recebi um mail,enviado por mão amiga, que diz o seguinte:
    EÇA DE QUEIROZ
    "Nós estamos num estado comparável somente à Grécia: mesma pobreza,
    mesma indignidade política, mesma trapalhada económica, mesmo
    abaixamento de caracteres, mesma decadência de espírito. Nos livros
    estrangeiros, nas revistas quando se fala num país caótico e que pela
    sua decadência progressiva, poderá... vir a ser riscado do mapa da
    Europa, citam-se a par, a Grécia e Portugal".

    Eça de Queirós, 1872, in "As Farpas"

    Obrigado caro amigo, João Cascão.

    Este fado já é muito antigo mas, continua cada vez mais desafinado. Que diria agora o Eça de Queiroz?!...

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