domingo, 31 de outubro de 2010

Os Corsários



Crónica de fim de semana.

A construção das muralhas ou fortaleza de Buarcos teria começado no tempo de D. João I, mais propriamente no reinado de D. Manuel I de Portugal em 1495-1521.
Juntamente com o fortim de Palheiros e o forte de Santa Catarina na Figueira da Foz, constituíam o sistema defensivo deste trecho da costa portuguesa que era constantemente invadida por corsários holandeses e ingleses e piratas da Barbária que perseguiam os habitantes das povoações ribeirinhas e saqueavam tudo o que encontravam.

Às vezes, piratas de origem diferente, actuavam em parceria e dividiam entre si os teres e haveres das populações que muitas vezes fugiam para não perderem a vida.
O mar através do qual descobrimos meio mundo e que já foi a causa da nossa glória, também nos deu alguns dissabores. Daí a necessidade de, na vasta costa portuguesa, se construirem várias fortificações militares em pontos estratégicos do litoral para impedir o saque dos piratas oriundos das mais diversas origens.

Vem isto a propósito do Sarau feito pelos “Antigos Alunos da Escola Bernardino Machado” no pretérito dia 29 no Auditório da “Obra da Figueira” que teve a participação do coral, Cantigas de Tavarede.

No seu repertório o coral tem um número com o título, Os Corsários, que foi cantado nesse dia, cuja letra diz o seguinte:

"Praticamos a abordagem
E na pilhagem
Ninguém nos pode igualar.
Aonde desembarcamos
Tudo saqueamos
Nada deixamos ficar.

Dinheiro, pratas e oiro,
Um bom tesoiro
De Buarcos recolhemos…
E assim da mesma maneira
Lá na Figueira
Os frades não esquecemos."

Ao recordar esta história dos corsários, com um amigo comum, considerámos que os tempos agora são outros e que os piratas já não vêm do mar. Os piratas, agora, estão cá dentro. Não usam espadas nem arcabuzes. Não deixando de actuar também muitas vezes em parceria, têm um modus faciendis diferente, mas por isso mesmo, mais sofisticado e perigoso. Não gritam nem dão tiros e, curiosamente, falam em defender o bem comum mas “desviam” para contas privadas. Dividem, igualmente, o produto do saque como os piratas do passado. Dizem defender a Pátria, mas hipotecam a independência e o futuro do País ao capital e interesses estrangeiros.

PS:
Nesta crónica existe uma moral que não foi totalmente conseguida. Daí a razão porque eliminei o último parágrafo. No passado a nossa reacção era expulsar os piratas para o mar de onde tinham vindo. Hoje não só não os expulsamos como também votamos neles o que não deixa de ser um paradoxo de um povo que já foi grande, mas que hoje está abúlico e conformado.




(Clicar na imagem para zoom)



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