domingo, 27 de julho de 2014

O Cabralismo sobrevive




Costa Cabral - deputado e ministro


No reinado de D. Maria II, o chamado governo dos Cabrais ou Cabralismo (1842-1846) é um pouco da história da pulhice de alguns políticos que desde sempre governaram o nosso País.

D. Maria II nomeou António Bernardo da Costa Cabral, conselheiro do Estado efectivo em 1843, par do Reino em 1844, tendo-o elevado ainda a conde de Tomar em 1845. Suspeitava-se que o ditador tivera relações íntimas com a Rainha. Não passando de um modesto advogado enriquecera em pouco tempo. Era acusado de clientelismo, corrupção e de nepotismo, pois os seus dois irmãos e o próprio pai ingressaram no Parlamento da época. Durante o seu governo (1849 a 1851) a corrupção foi tanta que o radicalismo e o ódio dos opositores acabou por ditar o fim do poder dos Cabrais. Alexandre Herculano chega a dizer que “a desonestidade era tão indecente que mais de metade das sessões do Parlamento era passada a discutir os escândalos do comportamento dos ministros”. – Opúsculos, I 1983, p. 154.

Apesar de tudo, Costa Cabral melhorou o liberalismo e a burocracia enquanto chefe do governo (1849-1851) podendo dizer-se que o “cabralismo lançou os alicerces do actual Estado Português, tendo chegado aos nossos dias muito dos seus traços”. E é aqui, precisamente, que reside o nosso grande problema. É que olhando para o actual Parlamento ficamos cientes que os Cabrais estão lá quase todos. Com outros nomes, mas mais sofisticados. Só que eles continuam a governar com os piores traços dos Cabrais de ontem, enganando cada vez mais este povo sofredor e apático.


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