"José Teixeira da Silva (José do Telhado), assim se chamava porque a casa onde vivia com os pais e irmãos, em Castelões de Recezinhos, Penafiel, era coberta de telha, sendo naquele tempo uma novidade, pois a maioria das casas eram ainda cobertas com colmo (palha de centeio).
Era um rapaz nascido no campo, puro e inteligente, fisicamente bem apresentado, trabalhador, muito sociável, era mesmo o orgulho da população da terra onde morava.Este foi o dom com que nasceu o José do Telhado, que teria sido um excelente e honrado homem se tivesse havido o cuidado de lhe ensinar apenas o que era bom; mas como tantos outros ao longo da sua vida, aprendeu o que nós temos no mundo, e muitas vezes esta aprendizagem vai ser bem ou mal aproveitada, de acordo com as ocasiões e oportunidades que a própria vida nos vai proporcionar, correndo aqui todos nós o risco de sermos vítimas ou heróis do nosso tempo."
Assim começa o livro, José do Telhado, do escritor Augusto Pinto.
José Teixeira da Silva nasceu em 1818 em terras de Penafiel e morreu em 1875 com 57 anos em terras de Angola para onde fora desterrado, após um julgamento polémico, em Marco de Canavezes, tendo o seu processo desaparecido puco tempo depois. A sua sepultura encontra-se em Xissa a 50 Klm.s de Malange onde os negros lhe fizeram uma espécie de mausoléu que visitavam em romaria para venerar José do Telhado que muito os ajudou em vida.
Em Angola foi negociante de borracha, cera e marfim que adquiria como caçador exímio que era.
Antes do seu desterro fora sargento num regimento de cavalaria na guerra da patuleia destacando-se como valoroso soldado. Foi segurança do General Visconde Sá da Bandeira, salvando-o da morte no combate de Valpassos, tendo o General arrancado do seu próprio peito a comenda de Torre Espada entregando-a, reconhecido, ao seu salvador. Acabada a guerra, José Teixeira da Silva, procurou refazer a vida tendo-lhe sido fechadas as portas, sendo-lhe mesmo negado um emprego no Depósito do Tabaco do Porto que lhe fora prometido. Foi ignorado pelos amigos e diz-se que o próprio Visconde Sá da Bandeira que chegou a ser Ministro da Guerra e Presidente do Governo, se esqueceu dele. Pouco depois, em desespero de causa, e para prover ao sustento dos seus familiares, entrou na senda do crime, roubando aos ricos, dando aos pobres que conhecia, um sétimo do produto dos roubos. Este foi um princípio que impôs ao grupo de bandoleiros que chefiava. Atribuiem-se a ele os seguintes dizeres:
- "Os ricos e os políticos é que hão-de pagar para os pobres... Os políticos têm sido a desgraça dos pobres. Prometem tudo, mas só protegem os que eles muito bem querem . Aos pobres passam a vida a mentir-Ihes. De hoje em diante eu serei repartidor público. Podeis dizê-Io a toda a gente. O povo há-de sabê-Io. E também quero que as autoridades o saibam. Porque este encargo foi-me dado pelo povo."
Dá vontade de dizer: volta, JOSÉ DO TELHADO", que estás perdoado!...
Jacinto Costa. Visitei muitas vezes a campa do conhecido por Jose do Telhado.Sempre muito limpa. Os negros dequela zona dizem maravilhas.Só tenho pena de nâo viver em Angola pois iria lá mais vezes,visitar a sua campa.
ResponderEliminarCreio que é um acto digno e nobre não só ter visitado a campa do José do Telhado, como ter a intenção de a visitar se tal fosse possível. Um homem incompreendido e injustiçado como ele foi pela sociedade de então, teria, provavelmente, muitos concidadãos a visitar a sua sepultura se ela estivesse na sua terra natal.
ResponderEliminarFiz um trabalho de Português em que tive que escrever sobre José do Telhado. Fiquei a conhecer muito da sua interessante história, pois sabia pouquíssimo sobre ele.
ResponderEliminarVisitei o túmulo de José do Telhado, em Xissa, Angola, em 1963. Estava em más condições, mas com flores. Hoje, estive a ver fotos quer tirei. Os habitantes dos arredores conheciam a história de José do Telhado e eram seus admiradores. Como degredado, o Zé do Telhado teve papel importante na colonização da região de Malange, chegando a entrar na Lunda.
ResponderEliminarCaro comentador,
ResponderEliminarO José de Telhado é uma figura que está no meu imaginário desde criança. Primeiro através da comunicação oral dos meus familiares que, é claro, romanceavam um pouco a sua figura; depois através do cinema e, por fim, em Angola onde estive como militar, onde negros e brancos me contaram várias histórias acerca dele.Uma coisa é certa:era uma pessoa bemquista e fazia bem a quem podia. Camilo Castelo Branco fala dele nas sua memórias, se não me engano.
Ainda hoje, José do Telhado, continua a ser uma figura quase mítica, boa pessoa, mas que foi também ele vítima de alguns políticos de então.
Cumprimentos.