A crise
portuguesa é resultado da "incapacidade de Portugal de se adaptar às
tendências económicas globais", disse hoje o chefe de missão do Fundo
Monetário Internacional (FMI), Abebe Aemro Selassie.
Talvez ele
tenha razão, mas só em parte. Em primeiro lugar porque os problemas do nosso País devem-se aos interesses domésticos e de grupo dos nossos actuais governantes. Segundo porque a globalização não é, de todo, nenhuma novidade para os portugueses. E digo isto por que, há tempo, li o livro A Primeira
Aldeia Global (Como Portugal mudou o Mundo) do escritor inglês Martin Page, que diz, detalhadamente, serem os portugueses a darem os primeiros
passos no sentido da globalização. Pode ler-se no início do referido livro o seguinte:
“Após a
conquista de Lisboa, pelos Normandos, o novo Portugal levou Veneza à bancarrota
e tornou-se a nação mais rica da Europa. Antes der ser eleito Papa, com o nome
de João XXI, Pedro Hispano, nascido em Lisboa, escreveu um dos primeiros
compêndios modernos sobre Medicina que, um século mais tarde, era livro de
consulta obrigatória em quase toda a Europa. Os portugueses levaram as túlipas,
os chocolates e os diamantes para a Holanda, introduziram na Inglaterra, o
hábito do chá das cinco e deram a Bombaim a chave do Império. Ensinaram África
a proteger-se contra a malária e levaram carregamentos de escravos para a
América. Introduziram na Índia o ensino superior, o caril e as chamuças e, no
japão, a tempera e as armas de fogo.”
Ao ler este
texto não podemos deixar de sentir uma certa auto-estima e orgulho de ser
português, por um lado e, por outro, sentir desgosto pela situação de crise e
dependência em que nos encontramos hoje. E como foi isto possível? A esta
pergunta há que dar uma resposta despretensiosa e sucinta:
O assalto ao
poder de alguma classe política, pesporrente, pós 25 de Abril (este feito com boas
intenções) com interesses que não eram os de Portugal; a falta de uma estratégia
credível para enfrentar os novos desafios decorrentes da descolonização (fim do "Mundo GlobalPortuguês"); a incompetência de muitos, aliados à
corrupção nacional subsequente, com graves culpas para as elites que nos têm governado
neste últimos vinte anos, deram origem a uma dívida pública de mais de 190 mil
milhões de euros (a terceira mais elevada da Europa).
Como resolver
isto?
1-Primado da
Justiça:
É imperativo
chamar à responsabilidade quem desbaratou os dinheiros públicos, ir buscar o
dinheiro a quem o esbulhou e meter na prisão os culpados.
2-Nenhum
agricultor lança sementes novas, em terras alheias:
É necessário
criar condições e empregos aos novos valores e inteligências que há no país e
não incentivá-los a emigrar como se tem feito, o que é um sinal de desnorte e
de incapacidade de quem o faz:
3-Ninguém põe
vinho novo em odres velhos:
É preciso criar
novas políticas e dar oportunidade a novos políticos não comprometidos com a actual situação. Para tanto, urge
apear dos lugares de responsabilidades todos os que têm culpas do actual
descalabro do país, por muita consideração que alguns deles nos possam merecer por razões institucionais. Não podemos continuar a ser
ingénuos ao ponto de acreditar que os mesmos que puseram Portugal de joelhos
é que vão resolver a situação, sem o agravamento brutal das condições de vida do povo já de si precárias.
Se esta ou qualquer outra accção não for feita, vai ser muito difícil sair da crise com alguma dignidade e alento para enfrentarmos os problemas da nova globalização da qual, hoje, somos vítimas e não autores.
Nota: Porque poderia ficar a ideia de que sou adepto da globalização (não sou) fiz uma pequena correcção na parte final do último parágrafo.
Se esta ou qualquer outra accção não for feita, vai ser muito difícil sair da crise com alguma dignidade e alento para enfrentarmos os problemas da nova globalização da qual, hoje, somos vítimas e não autores.
Nota: Porque poderia ficar a ideia de que sou adepto da globalização (não sou) fiz uma pequena correcção na parte final do último parágrafo.
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