segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Ainda Saramago


Tendo acabado de ler o livro, Caim, de José Saramago, considero que não passa de um exercício de demagogia e um libelo contra Deus, quiçá, contra os homens em que os relatos eróticos e sensuais são o seu principal condimento. Ser descrente é uma coisa, mas um escritor da sua craveira, que põe em causa, sobretudo, da maneira que o faz, a religião e a fé de milhões de pessoas é outra bem diferente.
Na introdução tem a seguinte citação bíblica: "Pela fé, Abel ofereceu a Deus um sacrifício melhor do que o de Caim. Por causa da sua fé, Deus considerou-o seu amigo e aceitou com agrado as suas ofertas. E é pela fé que Abel, embora tendo morrido, ainda fala"-(Hebreus, 11;4). Saramago, acrescenta: LIVRO DOS DISPARATES.
Há aqui duas questões que importa desde já realçar:
-Pela fé, Abel ofereceu um sacrifício a Deus;
-Este (sacrifício) era melhor do que o de Caim.
Ora, Saramago, deveria saber, e sabe, com certeza, que esta fé apontava metafóricamente, para o cordeiro, Cristo, que muitos anos mais tarde se deixaria imolar, para redimir os homens. Existem inúmeros relatos semelhantes no Velho Testamento que apontam, simbolicamente para o sacrifício de Cristo no Gólgota. Se Caim, em vez de um cordeiro, como fazia Abel, oferecia coisas do campo, dado que era agricultor, é evidente que não cumpria com o ritual sagrado. Por isso Deus gostava mais de Abel do que Caim o que levou este, por ciúmes, a matar o seu irmão. Se considerarmos que o livre arbítrio é uma das prerrogativas concedida aos homens pelo Criador, a diatribe de Saramago, acabaria logo aqui e não teria necessidade de acusar Deus de um homicídio de que só Caim fora responsável. Mas não. O escritor espraia-se entre relatos, esses sim disparatados, de orgias que surpreendem num homem de tão provecta idade, e crónicas malsãs, devido a uma interpretação literal, errada e deliberada da Bíblia. O livro acaba com o relato da Arca em que Caim mata Noé e os familiares deste, sendo o único sobrevivente do dilúvio, procurando, deste modo, numa raiva persecutória vingar-se de Deus a quem, no dia que matou o seu irmão Abel, jurara também matar.
É estranha a atitude de Saramago e não se percebe tanta sanha contra um Deus que, segundo ele, não existe. Será apenas o lucro o motor desta questão? Especular com coisas sérias é grave. Mas, conspurcar assim a Bíblia, lida e respeitada por milhões de cristãos é mais grave ainda.
De uma coisa ficamos cientes: é que o livro do increu estalinista, por trinta dinheiros, (traição que não o afecta minímamente) bem poderia ter ficado no lugar das coisas inúteis que é o cesto dos papéis. Mas, para quem o ler, o tal cesto é imprescindível, para fazer uma higiene mental adequada e ficar de bem com a sua consciência.
(Sacado daqui)

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