Ao fim de 46 anos, depois de estarmos em Angola em 1961/63, integrados na C.Artª.87, aconteceu, inesperadamente, o encontro via Internet.
A fotografia acima é do meu ex-camarada de armas, furriel milº de Artª, António Oliveira Gomes que se encontra há mais de 30 anos a residir no Canadá.
Nunca veio aos convívios anuais dos ex-militares da sua Companhia por não ter conhecimento dos mesmos. As cartas que lhe enviávamos para Lisboa eram sempre devolvidas ao remetente. Ninguém sabia do Gomes. Alvitrava-se mesmo que já teria morrido, mas recusei sempre essa hipótese. Felizmente tinha razão. O Gomes teve a feliz ideia de abrir uma galeria de fotografias no "flickr do Yahoo!., tiradas em Angola e, numa pesquisa habitual, online, acabei por encontrá-la.
Através de mails que se seguiram o contacto foi emocionante e teve dois aspectos. Um o da anterior tristeza e desencanto de termos perdido o rastro de um amigo. O outro, a alegria de o termos encontrado por fim, quase no fim da "picada". O desenlace destas cenas da vida real nunca escapa a esta ambivalência!
Vamos desfrutar da presença deste nosso amigo no próximo convívio de ex-combatentes na Figueira da Foz, como há muito ambicionávamos.
Até lá, Gomes, com um grande abraço de todos os teus camaradas de armas!...
Ver aqui a "Galeria de Gomes C.Artª.87.
Se há dias felizes.
ResponderEliminarHoje ao ler o seu postado, fico agradecido a DEUS, por tão bem saber porteger os seus.
Bem haja ao ex-furriel Gomes, um bem haja para si Fadigas, são estas notiçias que me vão dando força para acreditar que DEUS é GRANDE e o Saramago de uma tacanhez impressionante.
UM FORTE ABRAÇO.
Ramos
Caro Ramos
ResponderEliminarAgradeço-lhe o seu comentário a este post para mim tão especial. Ficam assim expressos os laços de camaradagem idefectíveis de muitos combatentes que foram argamassados no perigo, na solidariedade, no mêdo e também nos actos de coragem que não faltaram quando foi necesário salvar a vida uns dos outros.
Um BEM HAJA também para si, meu amigo.
Caros Amigos e Camaradas da CART87
ResponderEliminarPrimeiro um grande obrigado ao Fadigas da Silva por proporcionar a oportunidade de reencontrar este grupo de amigos, pois sem a sua tenacidade em fazer buscas na internet
a procura dos que como eu eram dados como perdidos, eu não teria tido o privilegio de vos voltar a encontrar
Descrever as emoções que se geraram em mim ao ver a foto desse grupo de amigos tirada num dos encontros de confraternização, com algumas caras conhecidas e outras que devido aos anos se modificaram deixando para traz os traços da juventude, só fará sentido aos meus amigos que como eu estiveram em Angola e viveram mais de dois anos numa comunhão forcada pelas circunstancias.
Falar destas emoções com outros que não foram como nos, militares ao serviço da nação em terras distantes e em situações difíceis, não fará sentido pois eles não compreenderão. Deixo portanto estas linhas abertas aos meus amigos e camaradas, pois só eles sabem do que estou a falar.
Foi sem duvida uma experiencia que embora tenha sido difícil, deu-nos a oportunidade de criar amizades e deu-nos a nos e só a nos a oportunidade de criar um espaço bem dentro do nosso ser, um espaço reservado somente para aquele grupo de jovens que foram meninos para Angola e regressaram homens a sua terra natal.
Homens em todo o sentido da palavra, pois os nossos amigos e entes queridos que por cá ficaram não compreenderam o que foram esses anos passados em Angola. Eles não compreenderam que nos não fomos numa viagem de ferias a África. Eles continuavam a ver em nos as mesmas pessoas com a mesma maneira de pensar e a mesma maneira de agir como quando saímos de Portugal em Abril de 1961.
Mas nos não era-mos os mesmos, nos mudamos , e mudamos muito pois aprendemos a dar valor a coisas que antes não tinham valor ou não eram tão importantes que merecessem a nossa atenção. Coisas que não tinham grande significado na nossa vida mas passaram a ter um valor incalculável. Atitudes e gestos de amizade sem compromisso em que a mensagem era pura e simples. “NOS ESTAMOS TODOS METIDOS NO MESMO SARILHO” de maneira que o melhor e não causarmos problemas uns aos outros, antes pelo contrario, vamos facilitar a vida dos nossos camaradas de armas o melhor possível.
Dai nasceu aquilo que não precisava de ser dito ou forçar palavras para o revelar, aquilo que nos nem sabíamos que ela existia entre nos porque não era preciso dize-lo , camaradagem pura e simples, era uma amizade incondicional e genuína, e essa amizade dizia-nos que quando fosse necessário nos estávamos lá uns para os outros, nos estávamos lá para os nossos amigos.
E essa camaradagem e amizade continua a ser real e pura ate aos dias de hoje
Um Grande Abraço Para Todos,
António de Oliveira Gomes
Ex- Furriel Miliciano
Caro Gomes
ResponderEliminarBoa noite. Desculpa por fazer só agora um comentário ao teu maravilhoso e sentido texto.Sentir bem para escrever bem é o lema. Agradeço-te, particularmente, as palavras que me diriges. O pessoal vai gostar de ver este desabafo que só um verdadeiro ex-combatente e camarada pode fazer.
Abraço.