quarta-feira, 25 de agosto de 2010

De Lagos para a Figueira (II)



No meu anterior post disse que O infante D. Pedro, ao tempo regente do reino, é que "concedeu ao infante D. Henrique (1441), o monopólio da navegação, guerra e comércio das terras para além do Bojador," tendo tido uma influência insuspeitada, nos descobrimentos, mas defendia um modelo diferente, do seu irmão, da presença lusa nas terras descobertas (in - A maldição do Infante D. Pedro).

O país de resto prosperou durante a sua regência não sendo a isso alheias a educação esmerada e excepcional que lhe fora dada pelo seu pai D. João I e as suas muitas viagens ao estrangeiro o que fez dele um dos seus mais proeminentes e evoluídos filhos.

Todavia o infante D. Pedro que além de regente do reino era o 1º duque de Coimbra, senhor de várias terras, entre as quais Figueira (mais tarde, Figueira da Foz) e Buarcos, começou a ser vítima de intrigas, movidas por alguns nobres, por influência do seu meio-irmão, D. Afonso, 1º duque de Bragança, título que aliás lhe fora dado em 1443, pelo próprio infante D. Pedro.

Assim que o seu sobrinho, D. Afonso V, atingiu a maior idade, D. Pedro entrega-lhe o controlo do Reino. Apesar disso as intrigas continuam e entra-se num clima de guerra civil que deu origem à batalha de Alfarrobeira(1449). As tropas leais a D. Pedro entre as quais se encontravam gentes de Buarcos (pescadores) perdem a batalha e o próprio D. Pedro é morto. Ainda hoje não se sabe se morreu na batalha ou se foi assassinado pelos seus inimigos políticos.

Não pretendendo pôr em causa o valor, reconhecido universalmente, do Infante D. Henrique, até porque isso seria correr o risco que não quero, de "crime de lesa pátria," mas antes complementá-lo, podemos concluir que a morte do Infante D. Pedro foi uma verdadeira perda Nacional, reconhecida mais tarde pelo próprio Rei D. Afonso V.

Assim, foi eliminado, talvez, o mais importante infante da ínclita geração, considerado um das mais esclarecidas e abertas inteligências do seu tempo, cuja morte foi lamentada por todas as casas reinantes da Europa.

Hoje, tal como ontem, os melhores, se os há, não estão à frente dos destinos do País. A mentira e os interesses obscuros dos lobbies do poder, não raras vezes, têm mais força do que a verdade, a justiça e a inteligência.

Todos os países têm ou tiveram, excepcionalmente, histórias destas. Só que no nosso, a excepção parece ser a regra. Até quando?!...

(Clicar na foto para zoom)

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