Com um dia frio e cinzento, açoitado pela chuva e pelo vento, que não dá para sair de casa, vou lendo algumas linhas do recente livro do economista e professor catedrático, António Nogueira Leite: Uma Tragédia Portuguesa.
Neste livro o autor, que com o jornalista, Paulo Ferreira, pretende dizer toda a verdade sobre a crise e o estado da nossa economia, diz ao jeito de epílogo:
“Um país que tem uma dívida externa bruta de 3 (três) vezes o seu PIB, não se pode dar ao luxo de mudar de estratégia”…
O estado a que chegou Portugal não é conjuntural, mas antes resultado de duas décadas de desleixo, de erros grosseiros, de falta de coragem política… E os seus efeitos vão sentir-se de forma cada vez mais premente nos próximos anos.
A próxima década será um longo período de sacrifícios e de mudanças muito profundas. As gerações mais velhas, que ajudaram a oligarquia que trouxe a Portugal a este ponto, terão de ser chamadas a partilhar com as mais novas os desafios e as restrições impostas pelo novo caminho. Se nos mantivermos unidos, se assumirmos, com urgência, uma nova atitude de exigência, rigor e muito trabalho, teremos futuro. Não nos resignamos a que assim não seja. Pelos nossos pais, por nós e pelos nossos filhos”.
António Barreto, que faz o prefácio do livro, admira-se que seja um liberal a dizer estas coisas e Vasco Pulido Valente no seu artigo de opinião de ontem no Público, com o seu habitual pessimismo, aliás justificado, afirma: “Só que o país não irá reagir como Nogueira Leite espera com racionalidade, liberdade e trabalho. A “tragédia portuguesa é essa”.
A tragédia portuguesa, será um pouco essa, como diz Vasco Pulido Valente, mas as verdadeiras tragédias de um país é haver alguém que as prevê sem ser capaz de as evitar.
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