quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Alguém anda a "tratar-nos" da saúde...

"A redução da despesa dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em 11 por cento, imposta pelo governo, levou a administração do Hospital Distrital da Figueira da Foz a equacionar alterações ao funcionamento do bloco operatório, do serviço de oncologia e da Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER)."

O presidente da Associação Portuguesa de Medicina de Emergência, recusa acreditar na posibilidade de a VMER da Figueira da Foz ficar para à noite, pelos riscos que isso implicaria para a saúde dos cidadãos. "Penso que será um boato ou uma manobra de diversão para promover outro tipo de lutas com o INEM, considera Vítor Almeida frisando que a VMER da Figueira da Foz "é insubstituível como o comprovam os números e as vidas salvas".
"A VMER não é acionada para tratar unhas encravadas, mas quando há risco de vida e iminência de falecimento, é um serviço de vital importância", destaca o médico, para afirmar que "o Estado tem que assegurar estes serviços aos cidadãos".
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"Quem responde em tempo útil aos doentes aos doentes que necessitem de cuidados cirúrgicos urgentes? Será que Coimbra tem margem de manobra para responder a todos os doentes de rotina, urgentes e até emergentes?", questiona o médico. "Ou corremos o risco de destruir uma estrutura que fez escola na área da emergência médica, a VMER da Figueira da Foz, e serviços cirúrgicos com obra feita? Destruir é fácil, mas reconstruir depois do erro cometido, praticamente impossível", conclui Vitor Almeida, aconselhando "ponderação e bom senso, sem dogmas, mas com análises honestas sem interferências externas".

As notícias locais, e não só, vindas a lume nos últimos dias, levam-nos a acreditar que a crise que o país enfrenta, vai afectar gravemente o desenvolvimento do Concelho da Figueira da Foz em vários sectores de actividade, inclusive o dos transportes ferroviários. O da saúde é um dos que vai sofrer graves cortes ou lacunas se o bom senso de quem de direito não arrepiar caminho.
Sabemos que o país atravessa grandes dificuldades que não podem ser imputadas à maioria da população, mas a quem nos tem governado nos últimos anos. Tudo o que nos está a acontecer pode ser o início de uma tragédia idêntica à de Alcácer-Quibir (1578) em que perdemos a independência. Mas quando se trata de morrer, ocorre-nos o que disse D. Sebastião no fragor da batalha que se anunciava perdida: "Morrer, sim, mas devagar."
O título deste post diz que alguém anda a "tratar-nos" da saúde. Ficámos a saber, pelas entrelinhas do texto, que esse alguém é o Estado com as medidas deste Governo, mais propriamente da respectiva tutela.  Mas também existem as "interferências externas" e, quanto a esta afirmação, perguntamos: será só a "troika?" E que lobbies de interesses são esses das tais "interferências externas" que têm a Figueira em tão pouca conta?
Uma coisa é certa: a crise não explica tudo e ficamos com a ideia de que os figueirenses irão perder tanto mais, quanto mais se acomodarem com tais medidas e com eles as forças vivas que representam o Concelho.

Nota: Foi feita transcrição parcial da edição impressa do Diário da Beiras.




1 comentário:

  1. A respeito do encerramento das valências do Hospital da Figueira, bloco operatório em período nocturno, hospital de dia oncológico e suspensão da VMER, poderão haver alguns desperdícios que justifiquem certos acertos. Não devemos esquecer, porém, que é a vida das pessoas que está em causa.

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