domingo, 27 de fevereiro de 2011

A estabilidade

O presidente do BES diz que “qualquer aceleração de eleições nesta altura seria um problema complicadíssimo”.
"O melhor é estabilidade, na medida do possível, para permitir ganhar tempo com a execução do orçamento, permitir algum reembolso da dívida e depois esperar que a evolução política se faça em melhores condições", sustenta o presidente do BES."

Percebemos perfeitamente as motivações do presidente do BES, Ricardo Salgado. Invoca a estabilidade, nem que esta seja artificial e podre, para defender os interesses da sua classe que, neste caso, podem não ser, os interesses da maioria dos portugueses. E é caso para perguntar: mas a estabilidade consegue-se com os mesmos que há cerca de 30 anos andam a governar o País com o resultado que se sabe? Não têm tido estabilidade aqueles que nos levaram quase a insolvência e que não têm sabido pôr cobro a uma corrupção larvar dos princípios do Estado de direito e que por isso mesmo têm feito a distribuição discriminatória de privilégios, oportunidades e sinecuras aos seus apaniguados?
A verdade é que aquela continua a ser invocada por aqueles que não querem que se lhes acabe a mama!...Por isso fazem orelhas moucas aos clamores dos defraudados e da Justiça que já se fazem ouvir. Por isso fogem das moções de censura como o diabo foge da cruz.
Porque é que os juros da dívida do Estado são incomportáveis e sobem todos os dias. Acreditam em nós? Quem é que nos garante que com certos democratas daqui a uns anos não tenhamos que pagar outra dívida igual ou pior? Se foi a isto que a estabilidade nos conduziu é preferível, seguir outro caminho. Que não é, necessariamente, o de uma nova pseudo-revolução, mas tão só o de utilizar os meios que a constituição permite em circunstâncias extraordinárias.

Todos nós fazemos parte de uma Nação com 900 anos de história, mas que está muito doente. Não basta estar balizada por uma organização política e administrativa assente numa Constituição legítima, porque precisa de homens bons e determinados. O Estado, não é nenhum exemplo de virtude, graças aos tratos de polé dos sucessivos governos dos últimos 25 anos. Por isso o País está a atravessar uma crise gravíssima. O que está em causa é a sobrevivência do País que sobreleva a dos partidos por muitas boas razões que estes tenham.
Nestas circunstâncias, com moção de censura ou sem moção de censura, cremos que não restará outra solução a breve trecho, ao Presidente da República, que não seja a de utilizar os meios que a Constituição lhe confere e dissolver a AR, para um novo governo.

É uma decisão difícil de tomar, que exige coragem, mas não é inédita. E se alguns dos seus antecessores a tomaram, por menores razões do que as actuais e passaram à história, por maioria de razão, com o actual inquilino de Belém, não deixará de acontecer o mesmo.
Acreditamos que o PR não deseje tomar tal decisão e que os seus opositores gritem “sacrilégio”. Mas o povo parece estar farto e quer a mudança.


Nota: este post já tinha sido publicado ontem, mas foi hoje reposto por se ter apagado.



1 comentário:

  1. É curioso notar o que diz Vasco Pulido Valente no Público de domingo o que de algum modo se relaciona com este post:"Santana Lopes sugeriu que se trocasse Passos Coelho por Rui Rio". E disse mais, sobre o medo que envolve o líder do PSD: "Passos Coelho,tem medo que o julguem apressado e medo que o julguem indiferente. Tem medo de avançar e tem medo de continuar parado, deitando pelos povos pérolas de sabedoria. Tem medo do CDS e tem medo de precisar do CDS. E tem principalmente medo que os génios que arranjou não cheguem para endireitar Portugal. O medo vai de ponta a ponta, de Cavaco ao PSD. O medo paralisa. E o medo mete medo."
    É verdade, mas esperamos que o medo não impeça o PR de fazer o que tem de ser feito, se for caso disso.

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