sábado, 13 de fevereiro de 2010

"Da Monarquia e da República"


Como se sabe, este ano, comemoram-se os cem anos da implantação da República.
As comemorações tiveram início no Porto, no pretérito dia 31 de Janeiro, com a presença do Sr. Presidente da República e do Sr. 1º. Ministro.
Há uma perspectiva pouco focada da revolução de 31 de Janeiro de 1891, que foi a precursora da implantação da República em 5 de Outubro de 1910.

É que, segundo alguns historiadores, se os Republicanos de Lisboa tivessem apoiado os do Porto, a revolução talvez tivesse tido êxito e ter-se-ia evitado o regicídio, catorze anos depois. Mas houve duas razões primordiais para que isso não acontecesse. A primeira era que os republicanos da capital queriam secundar os do Porto e proclamar a República em Lisboa. A segunda é que olhavam para o movimento libertador do Porto como uma “sargentada." Só Alves da Veiga, único republicano maçom, e Santos Cardoso, deram a cara e apostaram numa revolução que emergia de baixo para cima e não de cima para baixo, como fora intenção do Directório do Partido Republicano Português, elitista, portanto.

Vem isto a propósito de uma recente palestra a que assisti, dada por dois ilustres professores, que elogiaram os princípios republicanos, com os quais concordo. Disseram que o maior defeito da monarquia, mesmo constitucional, era não permitir que um simples cidadão, fosse Rei, pois isso, era só possível pela via dinástica. Hoje na República, qualquer cidadão pode ascender ao mais alto Magistério da Nação, acrescentaram. Depois da sapiência do discurso e de tão profícuas razões em favor das virtudes republicanas, foram feitas algumas perguntas por alguns dos circunstantes, tendo um deles, pelo menos, apontado alguns casos da vida precária, quotidiana dos cidadãos de hoje, que contradizem os princípios anteriormente enunciados. Em minha opinião, algumas das respostas não convenceram, cabalmente, a respeitável assembleia.

Confesso que estive para colocar duas questões à mesa, mas, hesitei, em presença da respeitabilidade dos palestrantes, ambos eles, tanto quanto me lembro, professores catedráticos. Não as fiz porque pressenti que teria de me resguardar do “fogo amigo” das respostas, tal como o fiz, por vezes, nas campanhas em África, quando éramos atingidos pelo nosso próprio fogo.
As questões eram as seguintes:
-Porque razão os republicanos de Lisboa não se juntaram aos do Porto, a fim de fazer vingar a República o que poderia ter evitado o sangue do Regicídio?
-Se os cidadãos, ontem, não podiam ser Reis, por não pertencerem à dinastia, não será hoje pior, não lhes ser possível ter os melhores empregos, ou mesmo emprego algum, por não pertencerem ao partido do poder, seja ele qual for?

Confesso que, apesar de ser republicano, saí daquela palestra, com a triste sensação de que a República de que falaram, não é a mesma onde eu vivo, nem a mesma onde vive a maioria dos meus concidadãos!

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