sábado, 13 de fevereiro de 2010

"À mulher de César não basta ser séria..."

OPINIÃO



“Eu não sei quem é esse tal Rui Pedro Soares, o boy sem cv que aos 32 anos foi alçado a administrador-executivo da PT pelo Estado, a ganhar mais num ano do que o meu marido ganhou em toda a sua vida, ao longo de 40 anos como servidor do Estado”. - Ana Gomes


Ana Gomes pode não saber quem é. Também não sabemos. Mas ficamos cientes a partir de agora. Foi a única pessoa que, " ao fim de mais de 30 anos de democracia, tentou impedir, com uma providência cautelar," que um jornal fizesse o seu trabalho, isto é, informar a opinião pública do meandros e dos contactos subterrâneos que deram origem ao processo, “Face Oculta” e às “escutas”, que prometem fazer correr ainda muita tinta.
Com este gesto, no mínimo, precipitado, e na tentativa pífia de calar os media, estão subjacentes algumas questões que convinha, ocultar, a todo o custo, à opinião pública, das quais, entre outras, sobressaem as seguintes:


-A entrega da PT, a Luís Figo, de 750 mil euros para entrar na campanha eleitoral de Sócrates.
-Outras disponibilizações de dinheiros da PT com os mesmos objectivos, sabendo-se, como se sabe, que a utilização de dinheiros públicos para fins partidários é crime.
- Por fim, defender o “grande Chefe” e, consequentemente, a manutenção dos “jobs for the boys”, que já vem do tempo de Guterres, do quais, ele, Pedro Soares, é um dos principais beneficiários.

Pedro Silva Pereira, Ministro da Presidência, já disse claramente, que o PS recusa a substituição de Sócrates, sem eleições legislativas. Parece, todavia, que não é esse o entendimento de algumas eminências pardas, que pensam seriamente na substituição do líder, sem mais delongas, para acabar com o actual clima de suspeições que, descredibilizando-o, acabam por descredibilizar o próprio partido.

Sabe-se que daqui a 2 meses (a partir de 14 de Abril) o PR pode dissolver a AR.
É pouco provável que Cavaco Silva enverede por tal caminho, atendendo à actual crise do País. E é bom que o não faça, porque além da crise e das razões de credibilidade de Portugal no exterior, terá outras, como, por exemplo, dar tempo à Justiça de esclarecer de uma vez por todas, se é verdadeiro ou não, o extenso rol de suspeições contra Sócrates. Se a Justiça se revelar inoperante, como até aqui, Cavaco Silva ver-se-á na contingência de pôr fim à sua influência de magistratura e passar das palavras aos actos, pedindo ao PS que avance com outro 1º Ministro.


Porque, de todo em todo, não se justifica avançar para eleições, não só porque o PSD não estará a altura de governar o País (tirem-se do caso BPN as respectivas ilações), como também, tal acto eleitoral, poderia constituir, de algum modo, uma “fraude”, se a pessoa sobre quem recai tanta suspeição, se candidatar novamente:

“À mulher de César não basta ser séria; tem de parecê-lo.”

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