Numa visita do Rei D. Luís I a Trás-os-Montes, uma matilha de cães ladrava-lhe, quando passava na sua carruagem, tendo o Monarca dito o seguinte: “Bem se vê que estes ainda não comeram da gamela da Ajuda”, que é o mesmo que dizer do: orçamento!”
Nada mais verdadeiro para retratar a actual situação do que estas frases do Rei D. Luís I que governou o País de 1861 a 1889. Só com uma diferença, é que hoje os que ladram, os que provocam ruído, com razão ou sem ela, também já comeram do orçamento, revezando-se nessa tão “trabalhosa e desinteressada” função de administrar os recursos da Nação, com elevado sentido de “solidariedade oligárquica”, tão caro às elites, cumprindo à risca, por falta de outros princípios mais elevados, com o tosco provérbio: “quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é tolo ou não tem arte.” E, nesta partilha, nos últimos 30 anos, os mais beneficiados têm sido os correligionários dos partidos e alguns "senadores", que não os modestos cidadãos, obviamente, desmoralizados e revoltados com tão iníquo como discriminatório procedimento.
Neste contexto, agravado ainda pela ocultação sistemática da verdade em que o “modus operandi” de algumas instituições do poder executivo e judicial, levam à desconfiança dos portugueses e ao descrédito do regime, o povo já não acredita nos políticos a quem os militares, num acto de desprendimento e de altruísmo, entregaram a governação do País. Por isso, recordo Salgueiro Maia e, porque "recordar, às vezes, é chorar," pergunto a mim mesmo se foi para isto que se fez o 25 de Abril.
Salgueiro Maia é considerado o mais puro símbolo da coragem e generosidade dos militares de Abril. Por isso mesmo, talvez, não tivesse passado de Tenente Coronel. Foi colocado nos Açores depois da revolução e regressou em 1979 a Santarém, tendo-lhe sido dado o comando do presídio militar de S. Margarida o que de algum modo foi um desprestígio, dado que foi um dos principais obreiros da queda da Ditadura.
ResponderEliminarConsideramos que algumas das actuais figuras políticas, não merecem, a sua generosidade. Mas estamos em crer que se ele tivesse adivinhado isso, não deixarei de contribuir na mesma, para o gesto libertador da chamada revolução dos cravos.