Ontem, no dealbar do novo ano, degluti as doze passinhas de uva da ordem, entre uma tacinha de espumante e os vivas tradicionais na esperança de dias melhores.
Foi sol de pouca dura. Depois de ter sonhado, ainda, com a tal esperança, acordei para a realidade com a notícia da TV de que a energia ia subir 3,8% para os particulares e 4% para as empresas, para não falar nas outras subidas generalizadas dos preços para o consumidor.
Pensava eu que a EDP depois de ter tido lucros de 18% no 1º semestre do ano de 2010, o que equivale a um resultado líquido de 565 milhões de euros, nos poupasse a mais este "pequeno" esforço de contribuir para os aumentos dos escandalosos ordenados dos seus gestores.
Até porque isso iria ajudar a suportar a canga do povo que tem de pagar nova transferência de 500 milhões de euros para o BPN.
Mas, apesar disso, estava convencido que o presidente Mexia era um bom samaritano que se preocupa com os refugiados e com os pobres do nosso país. Enganei-me novamente. Quando abri a caixa do correio do meu computador encontrei lá um e-mail que me foi enviado, cujo texto transcrevo parcialmente:
"Há uns meses escrevi ao presidente da EDP e telefonei-lhe mesmo, a pedir ajuda da empresa para reparar a velha instalação eléctrica, gasta pelo uso e pelo tempo, de uma instituição, onde vivem 40 adultas cegas e com deficiências e que têm um dos mais ricos patrimónios culturais do país. A instituição recebeu meses depois a resposta: a Fundação EDP esclarecia que esse pedido não se enquadrava nas suas atribuições. Agora percebi. Pedia-se fios eléctricos, quadros eléctricos novos e lâmpadas novas. Devia-se ter escrito ao senhor presidente da maior empresa (pública) portuguesa, com os maiores prémios de desempenho, cujo vencimento é superior ao do presidente dos Estados Unidos, para que oferecesse uma lâmpada em segunda mão, que ainda acendesse e desse alguma luz. Talvez assim mandasse um dos seus motoristas, com um dos geniais assessores de imprensa e um dos fantásticos directores de marketing, avisar a RTP (a quem pagamos uma taxa na factura da luz) para virem filmar a entrega da lâmpada num saquinho de papel.
2011 anuncia-se um ano duro para os portugueses e sê-lo-á tanto mais quanto os responsáveis pelo estado a que se chegou não saírem da nossa frente."
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